Projeto tenta reduzir desigualdade social no Brasil 
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Os dados de
 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo 
IBGE, mostram que 23% da população branca têm ensino superior completo, 
mais que o dobro do percentual entre os negros, que é de 10%. A mesma 
desigualdade se observa nos salários: brancos ganham, em média, R$ 
1.607,76 por mês, quase R$ 700 a mais que o rendimento médio dos negros 
(R$ 921,18).
Textos em tramitação no Congresso Nacional buscam 
reduzir essas e outras disparidades entre negros e brancos. Proposta de 
emenda à Constituição (PEC 2/06, no Senado), por exemplo, institui um fundo para financiar políticas afirmativas.
Ativistas
 pela igualdade racial pretendem apresentar aos parlamentares medida 
semelhante, um fundo de combate ao racismo, por meio de um projeto de 
iniciativa popular. Para isso, precisam coletar 1,4 milhão de 
assinaturas de apoio – o número corresponde a 1% do eleitorado 
brasileiro, mínimo exigido para entregar ao Parlamento propostas de 
iniciativas da sociedade.
Injúria racial
 
Outra frente de atuação é tornar mais rígida a legislação atual de 
combate ao racismo. No último dia 12, uma comissão externa da Câmara dos
 Deputados aprovou
 relatório final que propõe o aumento, no Código Penal (Decreto-Lei 
2.848/40), da pena para o crime de injúria racial – de 1 a 3 anos para 
de 2 a 5 anos de reclusão. Além disso, a proposta, que ainda será 
discutida em comissões permanentes da Casa, torna a abertura de ação 
judicial contra a injúria independente da vontade da vítima, bastando a 
manifestação do Ministério Público.
O crime de injúria racial se 
configura diante do uso de palavras depreciativas referentes a raça, 
cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra de uma pessoa 
específica. Já o crime de racismo, definido em lei (7.716/89) como 
inafiançável e imprescritível, não tem como vítima um cidadão 
determinado.
Torcidas racistas
 Em análise 
na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, projeto do 
deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) pune torcedores que cometerem atos de 
racismo durante competições esportivas. Pela proposta (PL 7383/14),
 independentemente de ser processado pelos crimes já previstos em lei, o
 torcedor ficará proibido de comparecer a jogos de seu time ou seleção 
por cinco anos.
Violência policial
 Pronto para ser votado pelo Plenário da Câmara, o Projeto de Lei 4471/12
 prevê medidas para garantir apuração com rigor no caso de mortes em 
confrontos com a polícia. Em audiências públicas, parlamentares ouviram 
denúncias dos movimentos negros, que alegam: na prática, os autos de 
resistência funcionam como uma espécie de licença para matar, 
principalmente negros e pobres.
Atualmente, os casos de mortes e 
lesões corporais cometidas por agentes do Estado durante o trabalho são 
registrados pela corporação policial como autos de resistência, ou 
resistência seguida de morte, e não são investigados. "Quando houver um 
auto de resistência, ele tem de ser investigado pela polícia, com a 
presença do Ministério Público e da Defensoria Pública", defende o 
deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos autores do projeto de lei.
Reforma política
 Outra queixa de entidades ligadas ao tema é a baixa representatividade 
dos negros no Congresso Nacional. Para a Câmara, foram eleitos em 
outubro 106 candidatos que se autodeclararam negros ou pardos. O número 
vai representar pouco mais de 20% (20,7%) de todos os deputados na nova 
legislatura, a partir de 2015. Os brancos somaram 407 (79,3%).
No 
Senado, onde apenas uma parte das cadeiras foi renovada, foram eleitos 5
 negros e 22 brancos. Somando o resultado das duas Casas, a composição 
do Congresso Nacional terá uma ampla maioria de brancos: 79,5%, o que 
não reflete a realidade étnica brasileira.
Esta foi a primeira eleição em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exigiu dos candidatos a autodeclaração sobre raça ou cor.
Na
 avaliação de parlamentares próximos a movimentos sociais que defendem 
os direitos dos negros, o sistema atual torna mais difícil o avanço das 
pautas de interesse dessa parte da população. A deputada Benedita da 
Silva (PT-RJ) e o deputado Domingos Dutra (SD-MA) acreditam que uma 
reforma política, que mude as regras e reduza o poder do dinheiro nas 
campanhas, vai ajudar novas lideranças vindas dos segmentos mais pobres,
 nos quais os negros são maioria, a se elegerem.

