180 anos da Assembleia Legislativa do Maranhão 
por Humberto Coutinho 
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Uma característica das democracias 
representativas é o funcionamento das Casas Legislativas.  Mas, quando 
as instituições democráticas são golpeadas, uma das primeiras 
providências dos novos donos do poder é interromper o funcionamento do 
Poder Legislativo.
No Brasil a democracia é muito jovem, 
mas tem resistido bem a solavancos como o impeachment do presidente 
Fernando Collor. Este ano, comemoramos 30 anos do fim do regime militar e
 acabamos de eleger, pela sétima vez consecutiva, um Presidente da 
República pela consulta popular, o que foi negado ao povo por 25 anos, 
de 1964 a 1989.
Na transição da ditadura para a 
democracia, as lideranças políticas de oposição ao regime militar –  
após a derrota da emenda constitucional que visava restituir as eleições
 diretas para Presidente –  resolveram optar pela via da eleição 
indireta no chamado Colégio Eleitoral, derrotando o candidato do regime 
militar, o atual deputado federal por São Paulo, Paulo Maluf, e elegendo
 o então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves. Desse Colégio 
Eleitoral, participavam todos os deputados federais e senadores, além 
dos deputados estaduais escolhidos em cada Assembleia Legislativa do 
País. Do Maranhão participaram os seguintes deputados estaduais: 
Edivaldo Holanda, Eduardo Paz, José Elouf, Manoel Oliveira, Marcone 
Caldas e Raimundo Leal. Todos votaram na chapa Tancredo Neves, para 
presidente da República, e José Sarney, para vice-presidente, dando uma 
valiosa contribuição para fazer o País ingressar no período democrático 
sob o qual vivemos.
Em nosso país, com 415 anos incompletos,
 o Legislativo estadual mais antigo (o da Bahia), ainda não chegou a 181
 anos, e até o fim do Brasil Colônia, as eleições eram apenas locais, 
com a escolha dos membros das Câmaras Municipais.
No Maranhão comemoramos no último dia 16
 de fevereiro, 180 anos de instalação da Assembleia Legislativa 
Provincial, que à época tinha deputados eleitos em dois turnos, para um 
mandato de dois anos. As sessões legislativas aconteciam por dois meses a
 cada ano.
Com a proclamação da República em 1889, 
as Assembleias Legislativas Provinciais passaram a se chamar Assembleias
 Legislativas Estaduais, pois a República adotou o sistema federativo e 
as Províncias se transformaram em Estados, unidades federativas 
subnacionais.
Cinquenta anos após sua instalação, em 
1885, a Assembleia Legislativa Provincial do Maranhão passou a funcionar
 em imóvel próprio na rua do Egito, onde permaneceu por 123 anos, até se
 mudar para as modernas instalações do Sítio do Rangedor, situado entre 
os bairros Calhau e Cohafuma.  O Conjunto de prédios leva o nome de 
Palácio Manoel Beckman, mesma denominação da sede anterior localizada no
 centro histórico de São Luís. A construção da nova sede é fruto do 
esforço coletivo de todos os deputados, comandados pelos ex-Presidentes 
Manoel Ribeiro, Carlos Alberto Milhomem, João Evangelista, de saudosa 
memória, Marcelo Tavares, atual secretário de Estado da Casa Civil, e o 
meu antecessor  Arnaldo Melo.
Da Assembleia Legislativa já saíram 
parlamentares para a câmara dos deputados, senado federal, 
 vice-governadores e governadores. Casos pitorescos ocorreram  nestes 
quase dois séculos, como a existência de duas assembleias que 
funcionaram simultaneamente,  mas isto é assunto para os historiadores, 
como o nosso querido Desembargador Milson Coutinho.
Com 42 deputados eleitos pelo sistema 
proporcional para um mandato de quatro anos, a Assembleia Legislativa do
 Maranhão é um caldeirão rico em diversidade e representatividade. Na 
presente legislatura, que se instalou no último dia 1º de fevereiro e se
 estenderá até 31 de janeiro de 2019, estão representados trabalhadores 
do campo e da cidade, militares, funcionários públicos, sindicalistas, 
empresários, médicos, produtores rurais, esportistas, pescadores entre 
outros. Essa diversidade demonstra uma representação parlamentar 
multifacetada, retrato genuíno do povo maranhense.
É na Assembleia Legislativa que são 
aprovados, ou rejeitados, projetos de lei de iniciativa dos diferentes 
poderes. Tais projetos têm sua origem no executivo, iniciativa dos 
próprios deputados, do judiciário e também de projetos de iniciativa 
popular. Neste caldeirão de opiniões e partidos, o confronto civilizado 
das ideias ecoa o debate do que mais interessa ao povo do Maranhão. A 
Assembleia Legislativa é, portanto, o mais direto representante da 
vontade popular. Por isso é chamada de a Casa do Povo.  Nesta Casa tem 
assento governistas, oposicionistas e independentes, que a depender da 
pauta podem votar contra ou a favor do governo. O consenso é sempre 
muito difícil em nosso plenário. E é bom que seja assim, porque é do 
confronto de ideias que surgem as melhores propostas.
Ao completar 180 anos de existência, a 
Assembleia Legislativa do Maranhão é viva, vibrante, atuante e livre. 
Sua história secular demonstra que ela tem sido o esteio da democracia, 
como é dever de todos os parlamentos, pois como está escrito em nosso 
plenário, não existe democracia sem parlamento livre. Nossos deputados 
têm sabido se posicionar a favor das causas populares como é seu dever e
 vocação política.
