Ministro ordena uso da força contra caminhoneiros se necessário 
O Globo 
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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia 
Rodoviária Federal (PRF) aplique multas e, se necessário, use a força 
para desobstruir rodovias bloqueadas por caminhoneiros do Comando 
Nacional do Transporte, entidade criada no ano passado à revelia dos 
tradicionais sindicatos da categoria. Relatório divulgado pela PRF às 
11h nesta terça-feira aponta bloqueios parciais em 30 trechos de 17 
rodovias federais em oito estados — Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato 
Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
O ministério considera baixa a adesão às manifestações, mas entende que 
não pode tolerar bloqueios e arruaças. Os protestos teriam como objetivo
 provocar desabastecimento de alguns produtos em determinadas regiões e,
 com isso, desestabilizar o governo. O item número um da pauta dos 
manifestantes é a deposição da presidente Dilma Rousseff.
A Advocacia-Geral da União (AGU) estuda a possibilidade de ajuizar ação,
 ainda nesta terça-feira, contra caminhoneiros que estão participando do
 bloqueio de estradas federais em pelo menos sete estados. Advogados da 
AGU já estão em contato com representantes do Ministério da Justiça e da
 PRF para definir uma linha de atuação no caso. A ideia é repetir a 
estratégia do ano passado quando, a pedido da AGU, a Justiça Federal 
determinou o desbloqueio das rodovias e estabeleceu pesadas multas em 
caso de desobediência à ordem.
No segundo dia de greve, o Rio Grande do Sul era o estado com mais 
manifestações às 11h: nove. Todas elas, no entanto, eram parciais e não 
impediam a passagem de veículos. O Paraná apresentava sete pontos com 
interdições e liberação seletiva do tráfego, enquanto Santa Catarina 
tinha três também com impedimento à passagem de veículos e um sem 
bloqueio. Em Minas Gerais foram contabilizados cinco trechos em que a 
passagem era seletiva. Tocantins também tinha um ponto em que o trânsito
 não era totalmente livre, assim como Ceará e Goiás. Os grevistas 
estavam em dois trechos no Mato Grosso do Sul, um sem impedir o trânsito
 e outro com liberação apenas para alguns.
Na segunda-feira, o governo federal atuou para enfraquecer a greve, 
que no primeiro dia bloqueou 48 pontos de rodovias em 12 estados. 
Cardozo anunciou que os caminhoneiros que tentarem impedir o “direito de
 ir e vir” receberão multas de mais de R$ 1,9 mil. Para ele, os líderes 
do movimento não têm uma reivindicação da categoria dos caminhoneiros, 
mas uma “pauta política”. Um reflexo disso é a falta de apoio à greve 
atual por outras entidades da categoria.
Outros sindicatos de caminhoneiros criticaram os protestos ontem. A 
Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) classificou 
como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa-fé dos 
caminhoneiros autônomos para promover o caos no país”. Para a 
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística 
(CNTTL), filiada à CUT, os caminhoneiros estão sendo usados em prol de 
interesses políticos. O líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro 
(MUBC), Nelio Botelho, disse na segunda-feira que a força do primeiro 
dia de greve superou as expectativas da organização. No entanto, afirmou
 que a entidade não vai participar de eventuais protestos, assim como 
não atuou na paralisação do primeiro semestre.
