Lenda do reggae, Bob Marley completaria 70 anos nesta sexta-feira
de O Globo
Aos 36 anos, Bob Marley morreu em 11 de maio de 1981, num hospital em
Miami. Nascido Robert Nesta Marley em 6 de fevereiro de 1945, o homem
que faria 70 anos nesta sexta-feira e libertou o reggae das fronteiras
jamaicanas, influenciando uma geração de músicos no mundo inteiro,
sofria havia 18 meses de melanoma, um câncer que começou no cérebro e se
espalhou por outros órgãos. Um filho mais moroso do ritmo jamaicano
ska, o reggae ganhou com Marley letras engajadas para suas harmonias
simples. O resultado foi a trilha da seita rastafári, que pregava a
união dos povos negros na África e elegia o imperador Hailé Selassié, da
Etiópia, como messias. Sem seu principal compositor e porta-bandeira, o
reggae nunca mais teria o mesmo impacto.
Os cabelos com dreads
que iam até a cintura, a alimentação natural, além da adoração à maconha
e o repúdio à Babilônia, representando a civilização ocidental e seus
valores, eram partes integrantes da seita adotada por Marley. Peter Tosh
e Jimmy Cliff, outros nomes importantes do movimento, embarcaram no
sucesso de Bob Marley e a banda The Wailers, que o acompanhou em dez
discos. Com a gravação por Gilberto Gil de "Não chore mais", em 1979,
versão de "No woman, no cry", gravada por Bob Marley poucos anos antes, o
reaggae aumentou a sua popularidade no Brasil.
Marley veio ao
país em março de 1980, jogou bola com Chico Buarque, deu entrevista
fumando maconha e disse que samba e reggae tinham o mesmo sentimento das
raízes africanas. No campo do Polytheama, time criado por Chico, na
Barra da Tijuca, Marley jogou uma pelada com craques do futebol, como
Paulo César Caju, tricampeão mundial em 1970, e estrelas da música,
entre elas Toquinho e Alceu Valença.
Fenômeno de popularidade
global, Marley já vendeu 75 milhões de discos. "Exodus", de 1977, foi
considerado pela revista "Time" o álbum do século. Já a BBC elegeu "One
love" a canção do milênio.
Seu apoio ao primeiro-ministro
jamaicano Michael Manley pode ter sido responsável pelo atentado que
sofreu em 1976 - para alguns, coisa da CIA, nada contente com Manley e
seu governo socialista. Bob Marley levou dois tiros, mas continuou
denunciando a pobreza e a desigualdade social, situação que poderia se
aplicar aos becos de Kingston, capital da Jamaica, onde cresceu, ou
qualquer outra cidade da América Latina ou da África.
Chico Buarque e Bob Marley no campo do Potytheama, time criado na Barra
da Tijuca