Problemas na saúde e na administração municipal pautam debates na Câmara
Vereadores governistas e oposicionistas voltaram a discutir problemas relacionados às áreas de saúde e de administração no município, na sessão dessa segunda-feira (2). A iniciativa partiu da líder da oposição, vereadora Thaís Coutinho (PSB), ao afirmar que, enquanto a cidade está toda iluminada para o Natal, e a prefeitura prepara um clima de festa, a comunidade continua a sofrer com a ineficiência dos serviços médicos que estão sendo oferecidos nas unidades de saúde públicas municipais, assim como os professores, que ainda não receberam um anunciado abono salarial desde o início do ano. A vereadora foi confrontada pelos vereadores Sargento Moisés (PSD) e Durval Júnior (PSB), durante o pequeno expediente da sessão, espaço no qual os edis dispõem livremente de cinco minutos para falarem de qualquer assunto que julgarem conveniente.
As colocações de Thais Coutinho foram em resposta a reclamação da liderança do governo, na pessoa do vereador Sargento Moisés (PSD), criticando-a em razão de, mesmo sendo membro da Comissão de Saúde da CMC, a vereadora não ter comparecido à audiência pública realizada na última quarta-feira, 27, quando a casa discutiu a problemática da aplicação de flúor na rede de distribuição de água do SAAE, questão levantada pelo vereador Magno Magalhães e do maior interesse da população caxiense, já que hoje o flúor é considerado um elemento que oferece mais malefícios do que benefícios à saúde humana.
Sem entrar no mérito das acusações do colega e alegando apenas que estava em tratamento médico no dia da audiência, Thais passou a ler uma carta extensa na qual uma moradora e usuária do sistema municipal de saúde reclamava das muitas dificuldades que ela e pessoas da família passaram ao recorrer a atendimento na Unidade de Pronto Atendimento do Pirajá (UPA), sendo forçada a encaminhar-se para Teresina, a fim de ser avaliado caso de cardiopatia grave. Criticando que o município não está preparado para resolver prontamente demandas que a população reclama, a líder da oposição lembrou situações em que pessoas aguardam tratamento durante muitos dias nas enfermarias município, por falta de medicamentos.
Para Thais Coutinho, que reconhece que o Hospital Macrorregional do Estado não está conseguindo atender toda a demanda da população de Caxias e região, a culpa maior é do sistema municipal de saúde, que não consegue responder ao que a população espera, seja na área de atenção básica, pois faltam médicos nos postos de saúde; seja no setor de urgência e emergência. "Muitos profissionais têm medo até de discordar das diretrizes do prefeito. Eles não querem perder seus empregos e aguentam todo tipo de humilhação", frisou.
Segundo a vereadora, "são fatos injustificáveis, quando todos sabem que o prefeito Fábio Gentil já recebeu mais de 122 milhões reais para a saúde, e o que está sendo feito pela população de Caxias?", indagou na oportunidade, antes de voltar sua atenção para outras questões do contexto administrativo municipal, como problemas relacionados a acúmulos de cargos por servidores, que a gestão não suspendeu à tempo e deixou muita gente trabalhando, para depois não receber pagamento, assim como a situação de um abono ao qual os professores tem direito, mas que, até esse início de dezembro, nada receberam.
"Quando era vereador, o prefeito Fábio Gentil reclamava aqui da tribuna que o prefeito Léo Coutinho pagava um abono pequeno para os professores, mil reais, que isso seria corrigido quando administrasse a cidade, só que, agora, nada disso ocorreu", acrescentou, finalizando sua participação no pequeno expediente.
Elogio e cobrança
Usando em seguida da palavra, o presidente da Câmara, vereador Catulé (PRB) aproveitou o momento para louvar a iniciativa do vereador Magno Magalhães em ter trazido para a casa, mais uma vez, uma discussão oportuna no âmbito da saúde, como foi o caso da audiência pública que discutiu a problemática da aplicação de flúor na água tratada da cidade, matéria que deve merecer toda a atenção e estudo por parte da prefeitura e do SAAE, nos próximos dias.
Enfatizando que a casa deve priorizar mais temas de alto interesse para a comunidade, do que ater-se apenas a produzir requerimentos e indicações para o Poder Executivo resolver, voltando-se para a vereadora Thais, Catulé disse que é obrigação do Poder Legislativo saber o por quê de ainda não ter sido pago o abono dos professores. "Não podemos ignorar o assunto, até porque nós recebemos essa cobrança da população. Então é preciso saber se o prefeito vai pagar o abono aos professores, numa cidade da importância como a nossa e dos recursos que nós sabemos que tem", ressaltou.
Saúde passa por auditorias
Usando em seguida da palavra, o vereador Sargento Moisés iniciou sua preleção ressaltando os investimentos do prefeito Fábio Gentil para realizar mais um Natal Iluminado na cidade, deixando claro que a ação é positiva para a alta estima da comunidade, mas funciona também como uma atração turística que se soma a outras, como foi o caso da participação de muitos grupos de motociclistas que acorreram à Princesa do Sertão para se confraternizarem, no último fim de semana.
Retomando a discussão no âmbito da saúde, o líder do governo começou explicando que já a algum tempo o prefeito vem exigindo que seus auxiliares procedam auditorias sempre que situações são reveladas por denúncias geradas contra a prestação de serviços de saúde pelo município, inclusive para identificar a autoria de quem esteja a receber com maus tratos o público. "É orientação do governo municipal que todos sejam bem atendidos, sem exceção", assegurou.
Sargento Moisés voltou a dizer em plenário que a postura da competência do município e do Estado no que tange ao atendimento de saúde já é de amplo conhecimento da população, assim como de muitas discussões que já haviam ocorrido ali no plenário. Segundo o vereador, o Estado responde pelo atendimento dos casos de média e alta complexidade, enquanto a responsabilidade do município de Caxias fica com o trabalho de assistência básica e urgência e emergência.
Questão de competência
Na sua concepção, o que está ocorrendo é que faltam profissionais para atuar nas áreas de maior complexidade médica, como neurocirurgia e cardiologia, e que o município não realiza esse tipo de atendimento porque não dispõe de recursos suficientes para contratar profissionais de tais especializações. "A alta complexidade não é de nossa competência, mas se tivéssemos recursos, se o Estado repassasse o necessário, não há dúvida de que seríamos capazes de fazer esse tipo de atendimento, aliviando a pressão em todo o sistema", explicou.
O líder do governo ressaltou ainda que Caxias atende com a UPA, com o Complexo Hospitalar Gentil Filho e com a Maternidade Carmosina Coutinho, não só a cidade, mas dezenas de municípios do leste maranhense, sem contar com o apoio financeiro do Estado, que aplica no Hospital Macrorregional de Caxias, com o objetivo de beneficiar toda a região, mas que, em verdade, é onde a população de Caxias passa por discriminação, em detrimento da de outros municípios, como a de Matões, por exemplo, onde o pai da vereadora Thaís Coutinho é o prefeito municipal.
"Se já está ruim agora, imaginem no próximo ano, quando for período eleitoral e o governador Flávio Dino dirigir seus repasses de forma mais seletiva", ressaltou, sugerindo que o governador tem outras preferências para Caxias, ainda que aqui já tenha sido muito bem votado, e praticamente consolidado a carreira política que o levou ao cargo de primeira mandatário do Estado.
Falta sintonia
Durval Júnior, entrando no debate, declarou que, na condição de governista, reconhece que está faltando mais sintonia entre os serviços médicos do Estado e os da Prefeitura Municipal. E disse: "Nós sabemos que a política municipal está próxima, e parece que o Estado está começando a se distanciar mais do nosso município, quando era para ser o contrário, estar mais próximo do prefeito Fábio Gentil, para dar uma resposta ao povo caxiense. Então, nós temos que limitar onde a responsabilidade de um começa e termina".
E continuando: "Aqui em Caxias, seja uma pessoa jovem, uma criança, um idoso, não temos como regular e fazer a pessoa ir para São Luís, tem que ir para Teresina. Mas isso está fugindo à regra. Agora mesmo foi falado, pela própria oposição, que uma pessoa, dias atrás, morreu de vesícula. Realmente, lá (citando o Hospital Macrorregional de Caxias) há dois meses esse tipo de atendimento não funciona. Tem uma pessoa lá que está na fila, para fazer uma cirurgia de vesícula, mas, se Deus quiser, na quarta-feira ela estará sendo operada no Hospital Geral do Município. Eu acredito em Deus e nos bons médicos que existem em Caxias", salientou.
Ascom/CMC