quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Governistas reagem a discurso de oposicionistas na Câmara 


A bancada da situação iniciou o segundo semestre dos trabalhos parlamentares na Câmara de Caxias, na segunda-feira (12), reagindo com firmeza às declarações dos vereadores que fazem oposição hoje ao governo municipal. No pequeno expediente da reunião plenária, os vereadores Mário Assunção (PPS), Antonio Ximenes (PR), Luís Carlos (MDB), Darlan Almeida (PHS), Jerônimo Ferreira (PMN), Gentil Cantanhede (PSL) e Antonio Ramos (SD) fizerem pronunciamentos derrubando os argumentos através dos quais a líder da oposição Thaís Coutinho (PSB), Edílson Martins (PSDB) e Tevi (SD) procuraram desclassificar o lote de cerca de 100 inaugurações realizadas pela prefeitura entre os dias 1º e 3 de agosto, inclusive retomando o funcionamento do Hospital Geral do Município Gentil Filho (HGMGF), fechado no fim da gestão do ex-prefeito Léo Coutinho. 

O atendimento e a falta de equipamentos na rede municipal de saúde foi o principal argumento através do qual os oposicionistas firmaram posição. O vereador Tevi ressaltou que o que estão falando agora da saúde não reflete o que o povo fala sobre ela nas ruas. E, para a vereadora Thaís Coutinho, o hospital geral voltou a funcionar sem medicação, e a ausência de um serviço de hemodiálise, logo no recomeço de suas atividades, quase tirou a vida do delegado da Polícia Civil Waldemar Barros, ao ser submetido a uma cirurgia de emergência, em decorrência dos disparos de arma de fogo que recebeu quando colhia o depoimento de um suspeito no interior do 1º Distrito Policial.

A líder da oposição disse também que soube que o prefeito Fábio Gentil (PRB) recebeu mais de 30 milhões de reais para fazer a reforma do HGMGF, e que quer saber onde mesmo todo esse dinheiro foi aplicado. Mesclando esse fato à ausência do pagamento de um abono salarial aos professores municipais, e considerando que há recursos para honrar o que o prefeito antes cobrava na tribuna quando era vereador, garantiu que irá redobrar o trabalho de fiscalização que faz passo-a-passo às ações do governo.

Hospital porta aberta

Usando da palavra em momento seguinte, quando iniciou desejando aos colegas um semestre legislativo produtivo, o vereador Mário Assunção foi o primeiro a se manifestar em defesa do governo. Dirigindo-se à vereadora Thais Coutinho, observou que o povo tinha muita saudade de ver o hospital geral funcionando, e se disse estarrecido com o posicionamento da colega, pois, como dissera ela, se era tão barato fazer uma reforma no hospital geral, porque, decidiram fechar ele, em vez de reformar. E prosseguiu: “Então, eu acho, sim, que nós temos que criticar. Eu acho, sim, que nós temos que buscar soluções, porque problemas piores existem. Mas também não podemos desmerecer todas as coisas que são feitas em nossa cidade”. E, referindo-se à citação do caso do atendimento do delegado de polícia, explicou que o atendimento no hospital geral se deu porque não havia vaga no Hospital Macrorregional. “Porque lá é porta fechada, precisa ser regulado. Então, se o delegado esperasse ser regulado, ele tinha morrido, enquanto que no Hospital Gentil Filho é porta aberta. Agora, a saúde do Município de Caxias não pode concorrer com a do Governo do Estado, porque algumas especialidades são atendidas no Gentil Filho e outras no Hospital Macrorregional”, disse ao lembrar que nada é mais justo e mais humano que os dois hospitais se complementarem no atendimento para salvar vidas.

Para o vereador do PPS, não é cabível também fazer-se críticas sem tentar observar o outro lado. Segundo ele, é uma atitude louvável do governo municipal, na crise em que se vive, o prefeito usar três milhões de reais, de uma vez só, na aquisição de medicamentos para a rede municipal de saúde, quando nenhum município do Maranhão está conseguindo fazer isso. E corrigiu a colega, dizendo que não vieram somente 31 milhões, mas, sim, 40 milhões de reais, tanto para média e alta complexidade, como para a atenção básica de saúde, fruto de emendas de deputados federais que acreditam na gestão do prefeito Fábio Gentil. 

Gasto controlado

Usando de tom didático, Mário Assunção explicou que esse dinheiro é um recurso federal que não pode ser mal aplicado, sob pena dos gestores terem que conversar com a Polícia Federal; não é para ser gasto todo de uma vez, mas dentro da legalidades dos processos licitatórios, atendendo às necessidades que forem surgindo para melhoria de toda rede de saúde municipal. E, citando o hospital geral, enfatizou que lá foi feita uma reforma com ampliação, tem uma UTI nova, com equipamentos novos que teve oportunidade de ver, e que irá somar com a UTI que já funcionava no local. 

Para ele, nada é mais correto do que continuar com o que já se tem e ampliar os serviços que estão sendo prestados, a exemplo das novas alas que foram abertas ao funcionamento na principal unidade hospitalar da cidade. E alfinetou: “Quem teve a oportunidade de ir para a inauguração, que vossa excelência foi convidada, e não sei porque não foi, já poderia ter visto a evolução da construção do hospital”.

Por sua vez, Antonio Ximenes, segundo orador a se manifestar pela situação, após desejar a todos um segundo semestre produtivo dentro das capacidades que cada um estabeleceu para corresponder aos anseios do povo de Caxias, disse que já havia participado de muitas administrações municipais, mesmo da gestão passada, e acha que muita gente tem a memória curta. E enfatizou: “No caso do hospital hoje construído, sobre o qual o colega Mário comentou, que eu não chamo de reforma, porque eu conheço por dentro e por fora, eu entrei acompanhado por médicos, ouvi palavras de especialistas referindo-se a equipamentos de primeiro mundo, com camas computadorizadas, é um hospital de ponta. Mas é claro que nós sabemos que aqui nós não temos as mesmas condições de um hospital de ponta de Teresina ou São Paulo, porque nossos recursos não são suficientes para isso”.

Melhor aberto do que fechado

Prosseguindo, evidenciou: “Mas, é melhor ter um hospital como esse, construído com recursos próprios, do que fechá-lo, como foi fechado no final do governo passado, momento em que todos nós que estávamos aqui na Câmara, como o vereador Edílson Martins, a vereadora Thais Coutinho, o vereador Catulé (PRB), fomos contra o fechamento daquela unidade de saúde. Tomou-se a iniciativa pior naquele momento e isso provocou um clamor na comunidade, principalmente do pessoal que mora naquele setor do Ipem, Seriema, São Francisco, Teso Duro. Ninguém ouviu o clamor, mas o clamor foi respondido nas urnas, porque, naquela área, lá, nossa coligação perdeu em todas as sessões eleitorais. Então, povo disse não àquela atitude de fechar o hospital”. 

Para Ximenes, falar agora que a saúde pública, a UPA e o hospital geral, estão abarrotados de gente pelos corredores, é também querer menosprezar a inteligência de quem viveu os momentos passados, quando a saúde pública em Caxias era deficitária. E, quanto aos milhões que já teriam chegado à saúde da cidade através do Governo do Estado, foi taxativo: “Esse dinheiro não foi direcionado só para Caxias, mas para toda a região em que nosso município está circunscrito. Graças a Deus estamos fazendo alguma coisa, num momento em que o país vive a crise mais grave de todos os tempos. Uma crise em que não se tem recursos para nada, inclusive para comprar o volume de medicamentos que chegou à cidade nos últimos dias”. 

Usando também da palavra, e a revelar que esteve nas últimas inaugurações, o vereador Jerônimo Ferreira observou que até o prefeito precisa, às vezes, da oposição, para poder mostrar trabalho. Para ele, a inauguração do hospital geral foi uma surpresa e que já utilizou os serviços da nova unidade para marcar uma cirurgia de urgência de um aluno da APAE, sem ver uma só pessoa amontoada em macas ou cadeiras pelos corredores, como acontecia tempos atrás. 

Transferência da oncologia

Acompanhado na ocasião pelo deputado estadual Yglésio Moisés (PDT), que é médico, enfatizou que assistiu o parlamentar se manifestar favoravelmente pelo trabalho realizado, segundo ele, digno de elogios, ao ponto de dizer que recomendará ao Secretário de Estado da Saúde Carlos Lula que traga para o Hospital Gentil Filho a ala de atendimento oncológico que hoje se encontra no Hospital Macrorregional de Caxias, a fim de preencher as dependências que estão prontas a oferecer todo tipo de tratamento de câncer na região e que hoje, no caso de Caxias, só pode ser complementado em Imperatriz ou São Luís, cidades muito distantes para quem precisa desse tipo de assistência em nossa região. Na opinião de Jerônimo, prefeito Fábio Gentil teve a coragem de decidir para a reabertura do Gentil Filho. “Ele sabe que é mais caro manter o hospital que fazer sua reforma. Mas, como o prefeito disse - se tive a coragem de reformar, terei a mesma coragem de pedir, para manter e colocar em funcionamento”, ressaltou.

Entrando na discussão e, ao mesmo tempo, aprovando também os investimentos que a prefeitura está fazendo na área da saúde, o vereador Luís Carlos Ximenes (MDB) salientou que não entende essa preocupação ferrenha da oposição com o setor de saúde de Caxias, em razão de eles mesmos terem colaborado para a situação ruim que a comunidade vivenciava até poucos dias atrás. “Primeiro, foi a Maternidade da Morte, a responsabilidade por centenas de crianças que morreram na maternidade pública do município. Depois, foi o fechamento do Hospital Geral. Então, não entendo essas cobranças, principalmente quando a gente vê agora que tudo está melhorando”, acentuou.

Hospital é sempre bem-vindo
O presidente da Câmara, vereador Catulé (PRB), que aplaudiu o nível da discussão gerada e a participação ampla dos colegas na sessão inaugural do semestre, todos discutindo da sua forma, do seu modo e do seu jeito, mas com o respeito que tem prevalecido na casa nesses quase três anos de mandato, disse que continuará ouvindo atentamente as questões que são importantes para o município. 

“Em muitos anos de atividade - explicou -, quase 32 anos, eu já vi quase de tudo na saúde de Caxias. Já vi hospitais com estruturas excelentes, fazendo cirurgias de grande porte e com a melhor qualidade. E vi também momentos de faltar até cirurgião. Vi momentos bons e vi momentos ruins, como vi, na gestão passada se fechar o único hospital que cuidava de doença mental no interior do Estado do Maranhão. Vi até ex-prefeitos, que tiveram a coragem de fechar hospital, UTI. E, aqui nesta casa, independente de quando estava na situação ou na oposição, eu sempre fui um defensor ferrenho de que, viesse de onde viesse, um hospital, uma casa de saúde, uma clínica, tem que ser bem-vinda nesta cidade”.

Doença não marca hora de chegar
Prosseguindo em suas lembranças, admitiu que já viu também tantos pagarem por conta da língua, nesse aspecto da saúde. “Vi vários, aqui nesta casa. Vi pessoas importantes morrerem daqui para Teresina, por falta de assistência. Vi chegar à minha porta, em determinado momento, você não ter nem a condição de escolher, porque a doença não lhe proporciona tempo. Mas tive uma preocupação imensa quando vi aquela UPA, naquele tamanho, naquelas proporções, para atender, não só o Município de Caxias, mas as cidades circunvizinhas, de São João do Sóter, de Coelho Neto, por exemplo, porque as pessoas tem a tendência de procurar sempre centros maiores. Tivemos isso em governos anteriores e hoje estamos vivendo esse momento. Quando nós assumimos o mandato no dia 1º de janeiro de 2017, nós fomos receber, o prefeito Fábio Gentil e eu, aquele hospital, e fiquei triste com a situação degradante, mas não fiz críticas a ninguém. E meu posicionamento era o de que a gente recuperasse, colocasse para funcionar e chegou, até a um certo momento, que eu não acreditei que nós chegássemos a recuperar aquele hospital. Só recuperar”, explicou. 

E, continuando: “No entanto, nós recebemos agora o hospital novo, e eu peço a Deus todos os dias que o Município de Caxias, a Prefeitura de Caxias, tenha condições que ele funcione. vossa excelência, vereadora Thais, disse que é fácil reformar e construir. E é, concordo com vossa excelência. Como vossa excelência diz, o difícil é funcionar, porque o funcionamento de um hospital é caro, caro demais. E no momento em que nós vivemos uma crise sem precedentes no país, no ramo da saúde, aqui eu acho que, independente de oposição ou situação, a gente tem é que pedir a Deus para que ele funcione e continue a funcionar, porque nós não sabemos se vamos precisar dele e, às vezes, quando precisamos, a doença e o infortúnio não diz a hora que chega na porta de nossas casas”, concluiu sua opinião sobre a inauguração do Hospital Geral do Município Gentil Filho.

Ascom/CMC