domingo, 30 de agosto de 2015

Lula diz que "voltou a voar" e insinua novamente candidatura em 2018 

O Globo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou neste sábado (29) ter embarcado em uma possível candidatura à Presidência em 2018. Em discurso durante um seminário em São Bernardo do Campo, Lula disse que voltou a “voar” porque seus adversários não o "deixam em paz", ao dizerem que "o Lula está morto". Ao lado do ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, o petista afirmou que o "ódio ao PT" é um caso de "divã" e de preconceito contra os pobres.

Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho, olhando para você. Então é o seguinte: eu voltei a voar outra vez — disse Lula, que afirmou: — Estou na hora de pensar na aposentadoria, mas as pessoas não me deixam em paz, os adversários.

Lula chamou para si a disputa política ver se os opositores “dão um pouco de sossego para a nossa querida Dilma (Rousseff)”, mas bateu numa tecla que tem sido motivo de tensão entre a presidente e o petista: o diálogo com a sociedade, sobretudo com os movimentos sociais, lembrando que em seus oito anos de mandato, foram feitas 74 conferências nacionais para ouvir a população. Para ele, os avanços acontecem quando “um governante não se acha superior a seus governados”.

Tenho a orelha caída de tanto ouvir. Falo muito, mas ouço muito. Não existe outra possibilidade de ser bem sucedido se o governante não ouvir a sociedade. A gente ganha quando ouve — disse o ex-presidente, que sempre critica Dilma por não ouvir conselhos.

Depois, o petista continuou:

Ser presidente é apenas uma função que tem prazo de validade. Você sabe a hora que entra e sabe o dia que termina, não tem de tratar o cargo de presidente como uma coisa absoluta.

Citando uma frase de Mujica, o petista afirmou que nenhum líder é insubstituível, mas ponderou que há dificuldade na formação de novas lideranças:

A verdade é que você não cria líderes como faz pão. Sabe quanto tempo vai levar para criar um Mujica? Muito tempo.

Sem tratar das denúncias contra o PT e alguns de seus principais nomes, como o ex-ministro José Dirceu, Lula afirmou que o partido é vítima de preconceito e que o ódio à legenda deveria ser debatido pelos psicólogos:

Pode ser que alguns tenham razão em algumas críticas, mas do que vem esse ódio. No divã tem de descobrir isso.

O petista disse ser um cidadão “mais preocupado do que era antes" e que, depois de muito tempo sem dar entrevistas, decidiu voltar à falar com a imprensa, apesar de achar que "ex-presidente deve ficar quietinho, (para) permitir que quem foi eleito governo o país".

Sobre o preconceito de classe, Lula disse que há pessoas que preferem levar o cachorro "para fazer cocô do que ver uma mulher pobre com uma criança passeando na praça":

É a primeira vez que vemos a disputa da luta de classes de cima para baixo. E por puro preconceito.