Deputada Cláudia Coutinho é citada em investigação da PF sobre desvio de emendas culturais no Maranhão
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Cláudia Coutinho, deputada estadual do PDT |
Entre os presos estão a assessora parlamentar Larissa Rezende Santos, a proprietária do tradicional Boi de Maracanã, Maria José de Lima Soares, e o presidente da Companhia de Cultura Popular Catarina Mina, Ivan Jorge da Piedade Madeira. Eles foram flagrados sacando R$ 500 mil em espécie de uma conta vinculada a uma emenda parlamentar, no Banco do Brasil, próximo ao Palácio dos Leões.
De acordo com o Auto de Prisão em Flagrante, os valores sacados teriam origem em emendas parlamentares estaduais destinadas à Secretaria de Cultura do Maranhão (SECMA), com o objetivo de financiar eventos culturais, como o “Festival das Crianças”, previsto para o feriado de 12 de outubro. O evento, no entanto, não teria sido realizado ou foi executado apenas de forma simbólica, conforme as investigações.
A deputada Cláudia Coutinho, atualmente licenciada do mandato, aparece como uma das autoras de emendas que viabilizaram o contrato de R$ 500 mil com a entidade envolvida no esquema. A informação foi confirmada pela PF, que encontrou o nome da parlamentar no documento intitulado “SECMA – Emendas Indicadas”, apreendido com os investigados. O mesmo documento também cita a deputada Helena Duailibe, cujo nome apareceu em diversas frentes da investigação, incluindo menções diretas a entrega de valores em espécie.
Diante do possível envolvimento de deputadas estaduais, o Ministério Público Federal solicitou que o caso fosse encaminhado ao Tribunal de Justiça do Maranhão, em respeito à prerrogativa de foro das parlamentares citadas. O avanço das investigações dependerá da análise do TJ, que decidirá se há elementos suficientes para abertura de inquérito contra os nomes mencionados nos autos.
A operação da PF mostra uma estrutura de desvio de recursos públicos disfarçada de incentivo à cultura popular. A participação de figuras tradicionais do cenário cultural, como a proprietária do Bumba Meu Boi do Maracanã, evidencia como manifestações legítimas do povo maranhense foram instrumentalizadas para desviar dinheiro público.
Segundo os investigadores, o dinheiro das emendas era sacado em espécie e repartido entre os envolvidos. Há indícios de que parte significativa retornava para os parlamentares que assinaram as emendas. O presidente da entidade beneficiada, Ivan Madeira, admitiu ter ficado com apenas 10% do valor, o que sugere que os principais beneficiários estariam fora da linha de frente das entidades culturais.
Até o momento, Cláudia Coutinho não se pronunciou publicamente sobre as citações de seu nome na investigação.
Blog do Daniel Matos