Hoje é o Dia Internacional de Combate à Corrupção 
O preço da corrupção no Brasil 
 
Ninguém contesta que o Brasil tem uma 
das maiores cargas tributárias do mundo
                                          e o IDH – Índice de 
Desenvolvimento Humano, um dos mais baixos do mundo. Essa conta não 
fecha. Se o Estado
                                          recebe tanto, recebe altos 
valores em tributos, por que oferece tão pouco nas Políticas Públicas à
                                          população? Onde fica essa diferença? Com certeza, fica na má gestão do dinheiro público
                                          e na corrupção.
                                          
               
                                          Ninguém sabe exatamente quanto é desviado em corrupção, por ano, no Brasil.
                                          
               
                                          A Federação das Indústrias de São Paulo – FIESP, em estudo divulgado em 2010, diz
                                          que o preço da corrupção custa para o Brasil aproximadamente, 70 bilhões por ano:
                                          
- O
 dinheiro, se investido em educação, por exemplo, poderia
                                          ampliar de 34,5 milhões para 
51 milhões o número de estudantes matriculados na Rede Pública do
                                          Ensino Fundamental, além de 
melhorar as condições de vida do brasileiro.
                                          
- O dinheiro desviado também poderia atender, com moradias, mais de 2,9 milhões
                                          de famílias e levar saneamento básico a mais de 23,3 milhões de domicílios.
                                          
- Para a área de infraestrutura, o relatório calcula que se não houvesse
                                          tanta corrupção, 277 novos aeroportos poderiam ser construídos no país.
                                          
               
                                          O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT diz que, a corrupção no Brasil abocanha
                                          32% da arrecadação de impostos.
                                          
               
                                           O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento de Responsabilidade, da ONU, registra
 que,
                                          em 2012, entre 177 Países 
pesquisados, a posição do Brasil foi a 73ª em lista dos Países
                                          mais corruptos do mundo e que 
os valores desviados podem chegar a R$ 200 bilhões por ano.
                                          
- Com esse valor, por ano, 714,3 milhões de cestas básicas poderiam ser compradas,
                                          o suficiente para extinguir, de imediato, a fome no País.
                                          
-
 Com esse valor, o País poderia manter mais 46 Universidades com o porte
 e o nível
                                          da USP (considerada a maior e 
melhor da América Latina, sendo a 11ª em um ranking de 3290 Instituições
                                          de Ensino). O País se tornaria
 um dos principais, ou o PRINCIPAL polo de produção acadêmica e 
científica
                                          do mundo.
                                          
Sejam
 R$ 70 bilhões, ou R$ 200 bilhões, desviados em corrupção
                                          por ano, ambos os valores são 
altíssimos, estratosféricos. Não é possível que um
                                          cidadão de bem, honesto, 
responsável, cumpridor de seus deveres, possa aceitar como “normal” os
                                          desvios do dinheiro público.
                                          
A
 corrupção consome o dinheiro que poderia melhorar: a merenda escolar, a
 distribuição
                                          de remédios, a contratação de 
médicos especialistas, a conservação dos prédios
                                          e vias públicas. Consome o 
dinheiro que poderia oferecer melhor atendimento à população e melhores
                                          salários aos funcionários 
públicos.
                                          
               
                                          Em dissonância com tudo isso, “bem menos de 1%
 da população carcerária no País
                                          representa presidiários 
condenados por corrupção. Além disso, só no ano de 2012, 50 processos
                                          envolvendo corrupção 
prescreveram nos tribunais brasileiros, portanto, não resultaram em 
punição”. 
  
                                          
A
 corrupção não é boa para o Mercado, para o Estado nem para o
                                          Setor Privado. Ela corrói a 
dignidade do ser humano. Ela traz prejuízos imensos para a democracia. A
 república
                                          e a Democracia são princípios 
fundamentais. Devem ser nosso ponto de partida e devem ser nosso ponto 
de chegada.
                                          Quando falamos em Democracia, 
estamos falando também de participação cidadã.
                                          
Mas,
 infelizmente, quantos são os brasileiros que preferem se omitir e não 
se
                                          envolver em questões de 
interesse social? Quantos preferem o comodismo de seu mundo particular? 
Quantos se utilizam
                                          da falsa moralidade em que 
demitem a funcionária doméstica porque roubou a sobra de pão, mas votam 
no
                                          político corrupto que roubou 
milhões dos cofres públicos?
                                          
No
 Brasil ainda temos um sistema eleitoral fomentador da corrupção. 
Estima-se
                                          que uma campanha para 
vereador, em São Paulo, fica em torno de R$ 500 mil reais. Muito desses 
recursos vem das empresas,
                                          e isso acontece em todo o 
País, em todos os níveis de governo, quer seja nas eleições para 
Prefeitos,
                                          Governadores, Deputados, 
Senadores e Presidente. Essas empresas fazem investimentos e, sendo esses políticos
                                          eleitos, as empresas fazem a sua cobrança. O Político já entra para o serviço público
                                          com uma dívida imensa junto aos empresários.
                                          
Departamentos,
 Secretarias e Ministérios são criados especificamente para que
                                          determinados cidadãos ocupem 
aquelas vagas. Muitas vezes, sem nenhuma real necessidade daquela nova 
Pasta. Licitações
                                          são direcionadas e, aquisições
 desnecessárias são realizadas, exclusivamente para atender
                                          compromissos de campanha.
                                          
Felizmente,
 na Constituição de 1988 o Ministério Público recebeu
                                          novos contornos. Ela 
apresentou um Ministério Público forte, independente no combate à 
criminalidade
                                          e no combate a lapidação do 
Patrimônio Público.
                                          
Ainda,
 para não sermos pessimistas, podemos dizer que nos últimos 20 anos 
tivemos
                                          importantes avanços para 
consolidar a democracia e combater a corrupção e a impunidade. Podemos 
citar,
                                          dentre outros:
                                          
- Lei 8429/92 que regulou as sanções às improbidades administrativas
                                          praticadas pelos agentes públicos.
                                          
- Lei 8666/93 que regulou o modo de aquisição de bens e serviços com
                                          o dinheiro público.
                                          
- Lei 8930/94 que tipifica novos crimes como hediondos (Projeto de Iniciativa Popular)
                                          
-Lei 9840/99 que combate a corrupção eleitoral (Projeto de Iniciativa
                                          Popular)
                                          
 -Lei Complementar 101/00 que estabelece a Responsabilidade Fiscal aos gestores públicos.
                                          
- Lei Complementar 131/09 – Lei de Transparência da Gestão Pública
                                          
- Lei Complementar 135/10 – Lei da Ficha Limpa (Projeto de Iniciativa Popular)
                                          
                                          
                                          
- Lei 12.527/11 – Lei de Acesso à Informação Pública.
                                          
- Lei 12.843/13 - prevê punição a empresas que corrompam agentes públicos,
                                          fraudem licitações ou dificultem investigações. 
  
                                          
               
                                          Entretanto, há que se 
considerar que, além de algumas autoridades sérias, dignas e honradas, 
que
                                          muito se empenharam para que 
essas Leis fossem implantadas, nada disso aconteceu por acaso ou 
gratuitamente.
fonte: ADAMA