De quebradeira de coco a empreendedora de sucesso na região dos cocais 
Agencia Assembleia 
Marionete Brito da Conceição (foto) começou a trabalhar como doméstica ainda
 quando morava no interior do Piauí. No Maranhão, passou a viver como 
quebradeira de coco, coco babaçu, fruta típica da região, da onde se 
extrai o leite e o azeite.
Assim como para tantas outras famílias, por anos, essa foi a 
principal fonte de renda da agricultora para cuidar dos seus três 
filhos. “Quando a gente conseguia vender tudo que quebrava no dia dava 
para tirar uns cinco reais”, contou.
No povoado Alecrim, onde morava, localizado a 58 km do município de 
Caxias, cerca de 70 famílias receberam do INCRA, através do Projeto 
Assentamento (PA), 60 hectares de campo agrícola para dividirem entre 
si. A ideia inicial era de que a terra, que rendia frutas da estação 
como caju, acerola, goiaba, manga, jenipapo, carambola e limão, fosse a 
principal fonte de renda dos agricultores da região.
E foi assim por um bom tempo. Mas, de acordo com relatos do 
presidente da Associação dos Agricultores do Povoado do Alecrim, José 
Costa, distúrbios climáticos começaram a destruir as plantações. Com 
isso, os agricultores passaram a tentar outros meios para o sustento. 
Chegaram a fabricar bijuterias, artesanato e até criação de caprinos. 
Porém, nada disso deu certo.
Foi o que levou o Sebrae a visitar pela primeira vez o assentamento, 
em 2007, através do Projeto de Atendimento Rural. Lá, orientaram os 
trabalhadores a fazerem o aproveitamento integral das frutas que estavam
 trazendo prejuízo quando estragavam ou machucavam.
A capacitação foi direcionada a 30 mulheres do assentamento alecrim. 
Elas aprenderam a produzir licores, doces, polpas, entre outros produtos
 derivados das frutas.  “Adaptamos a tecnologia de agroindústria 
familiar à realidade delas, com seus fogões de barro e suas próprias 
panelas, sem que houvesse prejuízo na qualidade do produto”, explicou 
Milena Cabral, gerente do Sebrae, Unidade Caxias.
Dessas mulheres, a agricultora Marionete Brito ganhou destaque, 
porque fez do caju o ‘ouro do alecrim’. Com criatividade de sobra, 
começou a criar receitas inimagináveis a partir da fruta: croquetes, 
tortas salgadas, almôndegas, recheio de panquecas, bifes, carnes de 
hambúrguer e até lasanhas. Marionete garante que o sabor nem lembra o 
caju. “É como se fosse carne de caranguejo ou de frango. Pra chegar ao 
ponto da carne é só manter a rigidez”, explicou. E o segredo para manter
 a rigidez? Marionete não conta, é claro.
A força de vontade e o espírito empreendedor da agricultora 
despertaram o interesse do Sebrae, que passou a prepara-la ainda mais. 
Marionete aprendeu sobre finanças, gestão, padronização, designers de 
embalagens, rótulos, preços finais, enfim, tudo que um microempresário 
precisa para competir no mercado de trabalho. Isso através de 
consultorias, capacitações, palestras e cursos gratuitos.
“A Marionete é um caso de sucesso. Dentre as varias pessoas que foram
 capacitadas, ela é a pessoa que sempre busca o Sebrae, sempre está 
querendo empreender, melhorar, então, ela é a cara do Sebrae. E é pra 
isso que estamos aqui, pra ajudar nesse fortalecimento do 
empreendedorismo”, disse a gerente Milena Cabral.
O investimento na agricultora foi além, o Sebrae ajudou a desenvolver
 a sua própria marca batizada de ‘Delícias de Caxias’ e também a 
padronizar seus produtos, utilizando embalagens trabalhadas a mão, de 
forma artesanal. A ideia, segundo Milena, é manter a concepção inicial 
do produto, que são naturais e regionais.
“Quando a gente trabalha o desenvolvimento de uma marca é justamente 
com o foco de que aonde você chega, identifica a origem. Eu posso estar 
em São Luís ou em outro estado, que eu vou estar sempre retomando ao 
município de de Caxias, contribuindo, assim, além do desenvolvimento 
desses produtores, a desenvolver o município”, afirmou.
Logo que seus produtos se espalharam pelos supermercados, padarias, 
hotéis e restaurantes de Caxias e região veio a necessidade de fabricar 
em quantidade maior e em menos tempo. Produzir no fogão de barro na casa
 da sua mãe, a dona Pedra, já não supria as demandas. Além disso, 
Marionte já necessitava de uma equipe.
Sempre ousada, Marionte procurou ajuda da Câmara Municipal de Caxias.
 O vereador Jerônimo prontamente atendeu o seu pedido e lhe cedeu a 
cozinha do APAE da cidade nos fins de semana. “É perfeito. Já tem tudo. 
Formas de todos os tamanhos, panelas, forno industrial, tudo que eu 
preciso”, informou Marionete. Foi assim que a empreendedora ganhou uma 
nova rotina nas sextas, sábados e domingos.
Saindo de casa antes das 6h e de carona em cima de um caminhão, 
Marionete enfrenta muito sol e poeira até chegar ao seu novo local de 
trabalho. “Vale a pena”, garante.
Junto com a nova rotina, Marionete ganhou mais clientes e novos 
parceiros. Além do Sebrae e da  Câmara Municipal, a COOPERVIDA  
(Cooperativa dos Produtores Rurais de Caxias e Região dos Cocais) também
 entrou para a produção.
Hoje, são pouco mais de 50 pessoas envolvidas em todo o trabalho e as
 produções seguintes já dependem do recurso adquirido com as vendas. “Ao
 final do dia, temos em torno de 600 reais. Esse dinheiro é todo divido 
para o capital de giro e entre os funcionários, conforme o Sebrae nos 
ensinou”, ressaltou.
AGRITEC
Na Feira de Agricultura e Tecnologia, que aconteceu de 11 a 14 de 
novembro no Parque das Cidades de Caxias, promovida pelo governo do 
estado, a ex - quebradeira de coco e agora microempresária queria ir 
mais longe. Vender todos os produtos ali expostos era pouco, Marionete 
buscava um patrocínio para lançar um livro com suas deliciosas receitas.
 “Todas criadas por mim”, fez questão de ressaltar.
O patrocínio de mais um dos seus sonhos ainda não deu certo, mas, na 
abertura da Agritec conseguiu a visita do presidente da Assembleia, 
deputado Humberto Coutinho (PDT), e do governador Flávio Dino (PCdoB), 
que pararam no seu stand para saborear suas ‘Delícias de Caxias’.
A Agritec, que é uma iniciativa do Sistema de Agricultura Familiar - 
Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), Agência Estadual de Pesquisa 
Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (Agerp) e Instituto de 
Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) – em parceria com Embrapa, 
Sebrae e movimentos sociais, tem como objetivo dinamizar a economia 
criativa, qualificando e criando espaços para discussão de políticas 
públicas e comercialização da agricultura familiar.
Humberto Coutinho elogiou o avanço dos agricultores que, assim como 
Marionete, tem buscado soluções para aumentar e qualificar suas 
produções, aliando conhecimento, produção e tecnologia.
“Esse momento comprova que nós acreditamos que a produção ao lado da 
capacitação, da formação e da tecnologia são essenciais para que a gente
 possa ter indicadores econômicos melhores, ou seja, havendo uma 
oportunidade de diálogo entre aqueles que produzem conhecimento e 
aqueles que produzem no campo, melhora ainda mais o processo de produção
 e os resultados. Marionete é um exemplo”, enfatizou o presidente.
Em toda a feira se viu uma verdadeira vitrine tecnológica com 
sistemas e métodos avançados de produção agrícola e artesanal feitos de 
materiais sustentáveis e biodegradáveis. Tudo apresentado pelos próprios
 agricultores que receberam o apoio da Agerp, Embrapa ou Sebrae para 
desenvolvê-los. A Embrapa ensinando como usar a tecnologia – onde se 
consegue abreviar resultados – e o Sebrae, por sua vez, com a 
capacitação, através do empreendedorismo. “Isso resulta em agricultores 
mais preparados para o mercado de trabalho, gerando renda e mais 
qualidade de vida”, analisou o governador.
Agritec’s este ano, estão sendo realizadas em quatro municípios, 
representando territórios, são eles: São Bento, realizada em agosto 
deste ano, Açailândia, Caxias e Bacabal. A Feira de Açailândia foi em 
outubro e a de Caxias agora em novembro. Para encerrar o ano, Bacabal 
fechará a Agritec 2015 em dezembro, com data ainda indefinida.