segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Em artigo, Sarney destaca diminuição da pobreza no MA

Maranhão, energia e progresso social

*Da Coluna do Sarney
No domingo passado escrevi sobre o Itaqui e comecei por falar no panorama de escuridão que existia no estado, todo ele tendo apenas cinco megawatts de energia instalada. No interior apenas Caxias e Imperatriz tinham motores a óleo diesel que eram acionados das oito às noves da noite e funcionavam com intermitência por falta frequente de combustível e qualidade péssima das máquinas. Como tenho dito, o Maranhão não podia dar um passo à frente sem infraestrutura de energia, transporte e comunicação. Eu teria de resolver esses problemas. Não tinha recursos nem meios de resolver essa situação. Eleito em 65, eu procurei o presidente Castelo Branco para ajudar-me. E ele ajudou.

Havia um projeto em que eu acreditava pensando alto. Era o da construção de uma usina em Boa Esperança. O Piauí defendia essa solução tendo à frente o deputado Milton Brandão, que era um denodado e obcecado por essa solução. O Maranhão queria a hidroelétrica de Criminosa no Rio Itapecuru, que não tinha estudo nem viabilidade. Eu me coloquei com a solução de Boa Esperança ao lado do Milton Brandão e nós dois passamos a ser paladinos dessa causa. Veio a Revolução de 64. A questão voltou à estaca zero.
Amigo do presidente Castelo e sabendo de sua sensibilidade para os problemas de nossa região, fomos ao ministro Mauro Thibau, um grande técnico de Minas Gerais que ocupava aquela pasta: eu, Milton Brandão e o capitão Cesar Cals, que era do Departamento de Engenharia do Exército e conhecia todos os detalhes técnicos da viabilidade para fazermos uma usina em Boa Esperança, no Parnaíba, que atendesse o Maranhão e o Piauí. Era uma barragem que geraria 106 megawatts, muito pequena hoje, mas grande para aquela época. Começaria com uma primeira turbina de 69 mega-watts. A gente vê como o Brasil progrediu. Basta dizer que a termelétrica a gás da OGX-MA, que será inaugurada na sexta-feira, em Santo Antônio dos Lopes, produzirá 900 mil megawatts.
Fomos ao ministro Thibau e ele me disse o mesmo que o almirante Clóvis sobre o Itaqui, que a usina era inviável. O Maranhão e Piauí não tinham consumo para uma usina hidroelétrica. E teve a frase infeliz: “Aquilo será um castelo no deserto”. Eu guardei a frase e disse ao Milton Brandão e ao César Cals: “Vamos ao presidente Castelo”. E até ele foi. Numa conversa tensa disse ao presidente da nossa visita ao Thibau, relatei a situação de tragédia que era o da energia em nossos estados e disse-lhe da frase do Thibau: “Isso é um castelo no deserto”. Vi logo que o presidente associou o seu nome Castelo à frase do Thibau. E me disse: “Volte ao ministro porque vou lhe falar sobre esse Castelo”. Vi que tínhamos ganhado a parada. E voltamos ao Thibau. A conversa era outra. “Vamos fazer a Usina de Boa Esperança e será uma obra pioneira da redenção daquela região”. Era outra linguagem. Saímos animados. A partir daí a obra foi tocada. Eu, com uma visão das coisas, convidei logo o César Cals para ser presidente da Cemar e lutei para que fosse também presidente da Cohebe, a companhia que ia construir Boa Esperança. Em seguida, para avançar, consegui com o Roberto Campos, meu amigo e ministro do Planejamento, uma verba especial de R$ 5 milhões, naquele tempo uma fortuna, para que antes da conclusão de Boa Esperança pudéssemos construir as linhas de transmissão de modo a que, assim que a Usina começasse a funcionar, nós estaríamos com as linhas concluídas e o Maranhão com energia não só na capital, mas em todo o interior. E assim aconteceu.
O Maranhão passou a ter energia e, como presidente da República, o destino me fez ampliar Tucuruí e possibilitar energia para a Alumar, ampliar sua capacidade e completar a iniciativa que tinha feito de trazer para o Maranhão a maior fábrica de alumínio do mundo.
As novas gerações não sabem destas coisas e fico feliz de ter construído as bases do grande Maranhão que ele é, com a infraestrutura e tudo que realizei.
Roseana agora está trazendo as grandes obras para o estado, grandes empresas e fazendo esta coisa notável de diminuir a pobreza absoluta de 22% para 12%, alcançando a meta que Dilma tinha para 2015 e o Maranhão chegou antes, melhorando a sorte do povo.