domingo, 3 de novembro de 2013

Obras inacabadas de Humberto Coutinho e Flávio Dino à espera da Polícia Federal.


O dinheiro veio de Brasília em quantidade suficiente para fazer de Caxias, terceiro município mais importante do Maranhão, uma verdadeira cidade olímpica. Mas a comparação entre o que está descrito como "obra concluída" no Portal do Ministério dos Esportes e o que de fato existe em termos de equipamentos de competição e de lazer é o mistério a ser desfeito, caso a Polícia Federal atenda o pedido de investigação feito por duas vereadoras da cidade, Benvinda Pereira(PMDB) e Tanyere Cantalice (PRTB).

Os convênios entre a Prefeitura de Caxias e o ministério controlado pelo PCdoB, chefiado no Maranhão pelo ex-deputado federal Flávio Dino, vão além dos R$ 12,5 milhões se somadas às contrapartidas obrigatórias. O valor efetivamente liberado pela pasta federal dos esportes é de mais de R$ 7,5 milhões. A este valor se somam pelo menos R$ 750 mil da contraparte dos recursos municipais.

Resultado - Como resultado, o que se vê são contratos firmados com empresa que não se localiza nos endereços declarados, construtora já envolvida em negócios suspeitos numa outra prefeitura maranhense controlada pelo PCdoB, pequenas obras entregues com anos de atraso e esqueletos de piscinas que, se concluídas, terão 7,5m de largura a menos do que prescreve o Comitê Olímpico Internacional, só não se sabe se foi assim mesmo que Ministério dos Esportes mandou fazer as piscinas caxienses.

No final de semana passado, como protagonista de uma matéria de IstoÉ que atesta como feitas todas as obras, inclusive as que sequer foram iniciadas, Flávio Dino usa como pano de fundo um campo de futebol inaugurado na sexta-feira, 25 de outubro.

Ocorre que, dos 5 campos de futebol há muitos anos dados como "concluídos" na planilha do Ministério dos Esportes, o mais recente deles teve convênio assinado (e recursos liberados) em novembro de 2007, primeiro ano do primeiro mandato do ex-prefeito Humberto Coutinho(PSB), que há quase um ano concluiu o seu segundo mandato. Só esse jogo de cena já seria o suficiente para colocar a PF em contato com o contador da Prefeitura de Caxias.

Mais - O Ministério Público Estadual entrou na semana passada com Ação Civil Pública contra o ex-prefeito de Caxias, Humberto Coutinho, pelo desvio de cerca de R$ 1,3 milhões em convênios com o governo do Estado na época da administração de Jackson Lago. Os convênios foram firmados em 2009 com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para a construção de 3.157 módulos sanitários e domiciliares em 36 povoados do Município. Além de Coutinho, outras nove pessoas entre secretários municipais e donos de empresas também foram acionados.

Ministério do PCdoB canalizou recursos para o aliado prefeito

Durante os oito anos dos dois mandatos seguidos de Humberto Coutinho, foram 14 convênios firmados com o Ministério dos Esportes. O chefe comunista Flávio Dino faz questão de dizer que foi ele o canalizador de todos esses "benefícios".

Seriam 5 campos de futebol novos; reforma e ampliação do Estádio Duque de Caxias; reforma do Ginásio João Castelo; construção de dois ginásios poliesportivos; 3 piscinas semiolímpicas; dois campos de beach soccer; duas quadras poliesportivas, cobertas e equipadas; implantação de um complexo oficial de atletismo; construção da Praça da Juventude do Teso Duro, e, a mais cara de todas: "implantação e modernização de infraestrutura para esporte recreativo e de lazer".

A vereadora Benvinda Pereira confessa que não sabe onde se localizam tantas obras, a não ser as que já existiam e que agora são dadas como reformadas e ampliadas: o ginásio e o campo de futebol inaugurados há uma semana com anos de atraso. Sobre as três piscinas semiolímpicas, esqueletos de concreto abandonados desde novembro do ano passado, ela fez questão de medi-las: têm apenas 12,5 metros de largura, quando deveriam ter pelo menos 20 metros para abrigar 8 raias de competição. Nos quintais de 3 escolas diferentes, elas acumulam água e servem como foco de proliferação do mosquito da dengue.

A empresa que saiu vencedora de um processo de licitação (valor de R$ 5.618.500,00) repleto de fraudes, segundo denunciam as vereadoras à PF, simplesmente não existia até a semana passada em nenhum dos 3 endereços declarados. Pior ainda, quando o contrato foi firmado com a Prefeitura, quem assinou como sócio ainda nem era do quadro de proprietários da mesma. E o que seria essa tal "implantação e modernização de infraestrutura para esporte recreativo e de lazer" ninguém sabe, mas pelo menos R$ 2.594.377,50 em nome dessa "obra" já foram faturados pela construtora invisível.

Num outro caso, a construtora que ganhou o contrato das piscinas semiolímpicas, KalinaLtda, já foi notícia quando esquentou saques de dinheiro da Prefeitura de Matões, outra da rede de apoio a Flávio Dino. Primeiro, a Kalina fincou placa dessa empreitada num bairro onde se concentrariam o tal ginásio poliesportivo e as 3 piscinas, mas no local brotou apenas um campo de futebol, cenário de um bate-bola entre o prefeito atual, Leo Coutinho (PSB) e Flávio Dino, sexta-feira, 25 de outubro. Mas a Kalina não desperdiçou a placa, que hoje se escora entre o muro e a fachada da Unidade Integrada José Castro, que tem no acanhado quintal o esqueleto de uma das tais piscinas semiolímpicas, obra em completo abandono desde novembro do ano passado.


Fonte O Estado do Maranhão
Blog do Joni Rocha.