Lula diz que "voltou a voar" e insinua novamente candidatura em 2018
O Globo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou neste sábado (29) ter
embarcado em uma possível candidatura à Presidência em 2018. Em discurso
durante um seminário em São Bernardo do Campo, Lula disse que voltou a
“voar” porque seus adversários não o "deixam em paz", ao dizerem que "o
Lula está morto". Ao lado do ex-presidente do Uruguai, José “Pepe”
Mujica, o petista afirmou que o "ódio ao PT" é um caso de "divã" e de
preconceito contra os pobres.
— Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho,
olhando para você. Então é o seguinte: eu voltei a voar outra vez —
disse Lula, que afirmou: — Estou na hora de pensar na aposentadoria, mas
as pessoas não me deixam em paz, os adversários.
Lula chamou para si a disputa política ver se os opositores “dão um
pouco de sossego para a nossa querida Dilma (Rousseff)”, mas bateu numa
tecla que tem sido motivo de tensão entre a presidente e o petista: o
diálogo com a sociedade, sobretudo com os movimentos sociais, lembrando
que em seus oito anos de mandato, foram feitas 74 conferências nacionais
para ouvir a população. Para ele, os avanços acontecem quando “um
governante não se acha superior a seus governados”.
— Tenho a orelha caída de tanto ouvir. Falo muito, mas ouço muito.
Não existe outra possibilidade de ser bem sucedido se o governante não
ouvir a sociedade. A gente ganha quando ouve — disse o ex-presidente,
que sempre critica Dilma por não ouvir conselhos.
Depois, o petista continuou:
— Ser presidente é apenas uma função que tem prazo de validade. Você
sabe a hora que entra e sabe o dia que termina, não tem de tratar o
cargo de presidente como uma coisa absoluta.
Citando uma frase de Mujica, o petista afirmou que nenhum líder é
insubstituível, mas ponderou que há dificuldade na formação de novas
lideranças:
— A verdade é que você não cria líderes como faz pão. Sabe quanto tempo vai levar para criar um Mujica? Muito tempo.
Sem tratar das denúncias contra o PT e alguns de seus principais
nomes, como o ex-ministro José Dirceu, Lula afirmou que o partido é
vítima de preconceito e que o ódio à legenda deveria ser debatido pelos
psicólogos:
— Pode ser que alguns tenham razão em algumas críticas, mas do que vem esse ódio. No divã tem de descobrir isso.
O petista disse ser um cidadão “mais preocupado do que era antes" e
que, depois de muito tempo sem dar entrevistas, decidiu voltar à falar
com a imprensa, apesar de achar que "ex-presidente deve ficar quietinho,
(para) permitir que quem foi eleito governo o país".
Sobre o preconceito de classe, Lula disse que há pessoas que preferem
levar o cachorro "para fazer cocô do que ver uma mulher pobre com uma
criança passeando na praça":
— É a primeira vez que vemos a disputa da luta de classes de cima para baixo. E por puro preconceito.