segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Falta de chuva eleva estado de degradação do Rio Itapecuru


A escassez das chuvas não está prejudicando apenas os agricultores caxienses, mas também o Rio Itapecuru, que abastece vários municípios maranhenses, incluindo Caxias. O leito do rio, reduzido à metade, tem dado margem para que a erosão e o desmatamento em seu entorno aumentem ainda mais o processo de degradação.
Alguns agricultores decidiram estender ainda mais as roças na região ribeirinha. O número de agricultores que plantam próximo ao Itapecuru não é grande, mas, se cada um não ajudar a preservar o rio, a situação pode piorar em algumas décadas, como atesta o ambientalista e biólogo Edimilson dos Reis.
“A gente já fez um estudo e percebeu que sempre que a água recua o agricultor tende a aumentar as linhas de roça que plantam e avançam rio adentro. Quando as chuvas retornam, esse leito já foi degradado e isso afeta com o tempo o curso natural da água porque não é uma erosão natural, mas causada pelo homem”, enfatizou o especialista.
Não são apenas os agricultores os responsáveis pela degradação do Rio Itapecuru. Problemas urbanos ficam evidentes sempre que o leito seca no período da estiagem. O principal responsável por essa poluição são as garrafas pets e as sacolas plásticas.
Nas margens do Itapecuru, o que não é arrastado pela correnteza fica preso às arvores ribeirinhas. São milhares de sacolas e sacos plásticos. No município de Caxias poucos projetos ou iniciativas existem para preservar o meio ambiente cuja poluição fica bem clara quando o rio recua. O que falta, na opinião do ambientalista, é consciência ecológica.
“Às vezes, não é uma ação proposital. O saco se desloca com o vento e as garrafas entopem o esgoto. Nem sempre é o caxiense que joga esse dejeto no rio, mas se houvesse uma consciência ambiental isso seria até evitado. Tudo que cai no esgoto cai no rio e quando ele seca o que não é arrastado vira entulho no seu leito”, esclareceu o ambientalista.
Abastecimento
Com o leito do rio cada vez mais prejudicado pela forte estiagem quem sofre é a população caxiense. Toda a água oferecida na cidade é captada do Rio Itapecuru, e ter água nas torneiras é cada vez mais difícil.
Com o período de estiagem, o abastecimento de água em muitos bairros costuma acontecer apenas uma ou duas vezes por dia. Em alguns deles, moradores reclamam que a água costuma faltar com frequência, principalmente nos fins de semana.
Para evitar o desabastecimento, muitas famílias estão adotando medidas alternativas e armazenando água em recipientes plásticos dentro de casa.
A Bacia do Itapecuru se estende a leste do Maranhão, ocupando área de sul a norte, em terrenos relativamente baixos e de suaves ondulações, totalizando aproximadamente 54.027 quilômetros quadrados.
O rio constitui-se num divisor entre as bacias do Parnaíba, a leste, e a do Mearim, a oeste. Seus principais afluentes são os rios Alpercatas, Corrente, Pucumã, Santo Amaro, Itapecuruzinho, Peritoró, Tapuia, Pirapemas, Gameleira, Codó, Timbiras e Coroatá.
Mais
A Bacia Hidrográfica do Rio Itapecuru é formada por 36 municípios, o equivalente a 944.716 habitantes (IBGE 2000). É a maior bacia em extensão, com 1.090km, onde o rio principal abastece aproximadamente 60% da população maranhense. Ocupa a segunda maior área territorial, com 54.300 quilômetros quadrados. O preocupante é que cerca de 500 mil hectares de áreas estão sem vegetação, 900 quilômetros de cursos de água desprotegidos e 40% do território suscetível à erosão.
Imirante