terça-feira, 20 de maio de 2014

Crimes passionais: até quando eles vão se repetir?
Mais de 13,5 milhões de brasileiras já sofreram algum tipo de agressão
Passeata em protesto contra a violência e assassinato de mulher. Crime
passional em Caxias [MA]
O homem traz na sua natureza o rastro da violência. Já nos primórdios da criação, temos o relato bíblico de um homicídio ocorrido em família: um homem chamado Caim mata o seu irmão Abel. Se refletirmos nos motivos de Caim para cometer tamanha crueldade, chegaremos à seguinte conclusão: pessoas movidas pelo egoísmo e pela inveja são capazes de fazer coisas que fogem à lógica e à compreensão.
Dessa forma, como analisar o perfil de um homem que mata, de uma maneira covarde, a ex-esposa diante dos próprios filhos? Que tipo de pensamento havia em sua mente? Apenas um: “se não vai ficar comigo, não ficará com mais ninguém”. Um sentimento egoísta que faz com que ele não aceite a felicidade daquela que, por seus motivos, não o quis mais como companheiro.
Há poucos dias, um marido totalmente descontrolado matou a jovem esposa, Sayara Campos, com várias facadas. Ela tentou escapar ao sair correndo, mas não adiantou. Foi morta no fundo do quintal da casa que dividia com o criminoso, diante dos vizinhos que ouviram os gritos desesperados da indefesa mulher, mas que nada puderam fazer para livra-la do assassino. Esse foi mais um de tantos crimes terríveis cometidos em nome de uma paixão insana que alguns insistem em chamar de amor. Segundo relatos, eles moravam juntos e brigavam muito.
Vingança, traição, separação, não importam os motivos. Nada justifica tanta maldade materializada nesses atos criminosos. Toda semana acompanhamos nos jornais pelo menos um caso de crime passional. A pergunta é: até quando isso vai continuar? Infelizmente, muitas mulheres se submetem a um homem agressivo por dependência econômica ou emocional. Apanham, são humilhadas e não reagem. Algumas suportam pelos filhos, outras porque têm a esperança de que o companheiro mude e há aquelas que sentem medo de buscar ajuda e, por isso, sofrem caladas.
Nenhuma mulher deve se calar quando sua vida está correndo risco. Uma pesquisa do DataSenado sobre violência contra a mulher constatou que 99% das brasileiras já ouviram falar da Lei Maria da Penha, que é um dispositivo legal que visa aumentar o rigor das punições em caso de agressões contra as mulheres quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. E esse número inclui todas as classes sociais. Apesar disso, mais de 13,5 milhões de mulheres já sofreram algum tipo de agressão. Dessas, 31% ainda convivem com o agressor e 14% continuam sofrendo agressões. Em termos de Brasil, estima-se que 700 mil ainda sejam alvo de agressões, de acordo com a mesma pesquisa. Isso é estarrecedor. C
Que Deus abençoe e proteja todas as mulheres.