quarta-feira, 10 de julho de 2019

Mario Assunção agradece ajuda de Edilazio Junior e inicia série de denuncias contra secretários que atrapalham prefeito Fábio Gentil 


Último orador do grande expediente da sessão de segunda-feira (8), o vereador Mário Assunção (PPS), subiu na tribuna para, inicialmente, agradecer a presença do deputado federal Edilázio Júnior (PSD) em Caxias, no último dia 30 de junho, quando veio participar das comemorações do seu aniversário natalício de 38 anos de idade.

Mário Assunção fez questão de fazer o registro da presença do parlamentar federal, de quem foi correligionário nas últimas eleições, para enfatizar o grau de compromisso e respeito que ele demonstra hoje por Caxias, e lembrou que, por meio de sua solicitação, o deputado já fizera incluir, em suas emendas parlamentares, R$ 1.000.000.00 (um milhão de reais), para aplicação na recuperação das estradas vicinais castigadas pelo período chuvoso, e mais R$ 4,5 milhões de reais, destinados ao funcionamento e recuperação do Sistema Municipal de Saúde, sendo R$ 2 milhões para aplicação nos serviços de Alta e Média Complexidade, e R$ 2,5 milhões no trabalho da Atenção Básica, a ser usados na recuperação de postos de saúde, aquisição de medicamentos que estão em falta e conclusão do Hospital Geral Gentil Filho.

O vereador enfatizou, na ocasião: “Caxias, assim como todas as cidades do Brasil, padece de investimentos ligados, principalmente, à área da saúde, que estão congelados há mais de quatro anos. E a gente sabe dos aumentos de remédios e dos procedimentos médicos, que se elevam quase mensalmente; e que os repasses não têm aumentado, tantos nos governos passados quanto no do presidente Jair Bolsonaro”, disse ao agradecer a ajuda que o deputado Edilázio Júnior está oferecendo ao município. 

“É um deputado que mostra trabalho, que mostra interesse e que mostra respeito com o povo que o presenteou com cerca de dois mil votos na eleição passada. Que Deus faça que ele continue assim, ano a ano, mandando recursos para Caxias; que eu tenho a certeza que o povo de Caxias saberá recompensar esses benefícios que ele trás para nossa cidade”, justificou, explicando as razões para a retribuição do trabalho que fez em benefício do parlamentar, um deputado de fora, e que foi expressivo para sua vitória geral e dentro do município de Caxias.

Feudos

Mudando o tom do seu pronunciamento, em segundo momento, Mário Assunção passou a tratar da pauta política. Ressaltou que na última sessão do semestre não poderia deixar de falar, em hipótese nenhuma, sobre o que está acontecendo nos bastidores do poder de Caxias. Ele admitiu que o prefeito Fábio Gentil (PRB) faz um esforço muito grande para tentar fazer as coisas no município, mas também percebe que “o governo está ficando dividido em feudos, porque existem pessoas dentro da administração que querem ser candidatas a vereador, e eu não tenho nada contra isso, inclusive é importante para que a gente possa construir de legendas. O problema é quando essas pessoas querem se utilizar das suas máquinas administrativas em benefício próprio. E eu decidi, eu vou bater o martelo. Toda sessão, a partir do mês de agosto, eu vou escolher um desses candidatos, para dizer o que eles estão fazendo contra o seu próprio governo, em benefício próprio, tentando utilizar a máquina para tentar fazer a sua eleição” acentuou.

No entendimento do vereador do CIDADANIA, a eleição se faz é fazendo o bem. É mostrando trabalho e força, e lembrou que na Câmara muitos se elegeram sem ser secretários, sem ter cargos de coordenação, de direção, mas apenas tendo o povo a seu lado. Na sua avaliação, em razão dessa postura de alguns assessores da Prefeitura, os vereadores tem sido mal recebidos nos órgãos da administração, e são tratados, não como parceiros, e sim como inimigos políticos, muito embora tenham sido outorgados pelo povo para representá-lo. Para Assunção, a assessoria do prefeito é composta por pessoas de sua livre escolha, enquanto aos vereadores chegam à Câmara Municipal pelo voto popular e que, por isso, devem ser respeitados.

Primeira evidência
Abrindo o lote de evidências que terá prosseguimento em agosto, Assunção observou o caso do professor Chiquinho, atual secretário municipal de Assistência Social, o qual, segundo ele, está usando o órgão para cooptar pessoas ao seu projeto político. Ele explicou que o secretário está pressionando inclusive funcionários de indicação de vereadores a cederem as suas pretensões, sob a ameaça de complicar a vida funcional dos mesmos, substituí-los ou levá-los a demissão. “Teve o caso de uma pessoa ligada a um colega da casa, que só não perdeu o emprego de Assistente Social, porque o vereador não aceitou calado e mostrou força”, explicou.

Como dirigente de órgão diferenciado na administração, o vereador do CIDADANIA salientou que a pasta do professor Chiquinho ainda tem a seu favor o fato de que já recebeu, até junho, R$ 1.700,000,00 (um milhão e setecentos mil reais) para aplicar em seus programas. “Então, eu pergunto aqui, aos colegas: tem como disputar; tem como combater um gestor que tem um recurso desse para administrar? E vocês sabem a dificuldade que todos passamos nas secretarias. Lá a gente não consegue nada, porque a alegação é que não tem dinheiro, não tem recursos, não pode fazer nada. Só conseguimos alguma coisa se for brigando, se for exigindo, e só conseguimos com o prefeito Fábio. Mas, quando a gente se espanta, aparece esse secretário lá na zona rural, lá na Esperança, fazendo ação social, e não convida sequer o vereador da área”, explicou, demonstrando em seguida que, até a APAE, a entidade que trata das pessoas portadoras de necessidades especiais de Caxias, vem passando por problemas de repasses federais, controlados pelo professor Chiquinho, porque é entidade ligada à atuação do vereador Jerônimo Ferreira (PMN).

"Aí, eu pergunto a vocês, será que nós vamos ficar calados? Até quando nós vamos aguentar isso aí; será que nós vamos todos aqui perder a eleição, ser derrotados nas urnas, e ficar calados?!! A partir de hoje, portanto, calado eu não fico mais. Até porque quem me deu esse mandato aqui foi o povo. E quem tem o direito de tirar ele ou renovar, em 2020, vai ser ele novamente!” desabafou, acrescentando que o prefeito não precisa desse tipo de coisa, mas de uma equipe coesa e preocupada com o sucesso da gestão.

Em seu pronunciamento, Mário Assunção recebeu apartes dos vereadores Ximenes (PR), Neto do Sindicato (PCdoB) e do presidente Catulé (PRB), que louvaram sua iniciativa em destacar uma questão que está sendo do interesse de grande maioria dos parlamentares da casa. Para Ximenes, por exemplo, que prometeu apoiar suas denúncias, a fala do colega era de uma significância muito grande. “Isso eu já presenciei em outros governos, e o resultado é quase sempre triste, porque na hora que o secretário quer usar o seu posto, a sua secretaria, em prol de uma futura candidatura, ele esquece que o interesse maior é o governo e do povo que o elegeu, e passa a entender que a secretaria é dele e não do governo. E está acontecendo isso”, acrescentou. 

Judas

Frisando que o assunto já foi tratado inclusive em uma reunião com o próprio prefeito, que se posicionou no sentido de que não é possível frear as pretensões de quem deseja ser candidato, mas se assim o fizer, terá que deixar a gestão a partir de 1º de outubro deste ano, Ximenes revelou que o concurso da reeleição tem essas peculiaridades, daí porque, na sua concepção, para não estarem sujeitos a tentações, como a de usar o cargo para levar vantagem em seu benefício, todos postulantes nessa situação teriam que deixar suas ocupações, pelo menos, seis meses antes das eleições. O vereador lamentou que colegas vereadores estejam dispostos a se aliar aos novos postulantes, citando o caso de uma conversa que mantinha com o vereador Darlan, cujo teor foi rapidamente passado ao grupo que cerca a atuação dos atuais parlamentares da casa.

Neto do Sindicato, por sua vez, lembrou as denúncias que já fizera na casa contra um assessor da Prefeitura, que é responsável pelo Balneário Veneza, mas hoje faz o papel de secretário de Obras, e que está à frente de estradas construídas até em município vizinho. Segundo o vereador, a intromissão é tão arraigada que o mesmo assessor faz questão de postar imagens nas redes sociais conduzindo máquinas para a zona rural, levando caçambeiros que trata como aliados, se passando pelo secretário de Obras Murilo Novaes. 

Referindo-se ao caso do secretário professor Chiquinho, a despeito de lhe ter pedido apoio para levar ações à zona rural, ressaltou que jamais foi atendido, talvez em razão das pessoas que fariam parte da equipe, ligadas a ele, não estarem dispostas a cederem à essa nova versão de secretário Michael Jackson, que se faz de dançarino nos eventos que organiza, estabelecendo um novo modelo de atuação do governo na área. 

“Vossa excelência, vereador Mário, conta com o meu apoio. Porque, para que a disputa seja leal, não poderemos ficar nos acovardando. Sou aliado do prefeito Fábio Gentil, mas não posso aceitar o comportamento desleal de quem está usando o cargo para levar vantagem na política”, frisou.

Câmara tem que ser consultada

Usando de aparte, o presidente Catulé salientou que o discurso do vereador Mário Assunção foi um dos mais interessantes dos últimos tempos na casa. E lembrou que, quando o vereador Neto trouxe o assunto pela primeira vez ao plenário, ele o parabenizou, como estava agora parabenizando a Casa, porque, em mais de 30 anos na Câmara de Caxias, nunca tinha sido testemunha de um silêncio tão ordinário, como estava sentindo até àquele momento. “Eu estava diante de um silêncio sepulcral. Esta casa sendo pisada, e ainda com a contribuição de Judas, como deu a entender agora há pouco o vereador Ximenes. Saber de um sujeito tramando contra a própria casa, para fazer a média de quem é menor do que ele. Por que eu, general, só falo com general. Nós fomos nomeados pelo povo para fiscalizar, para cobrar, e este mandato é soberano. O vereador Ximenes disse que já tinha visto essas práticas no passado. Mas, no passado, essas práticas não tinha ninguém por trás dando apoio”, argumentou.

Se está havendo isso - continuou -, é porque está havendo apoio, desta Casa e do prefeito Fábio Gentil. Mas eu só entro nessa briga se tiver o apoio de todas vossas excelências. E tem duas coisas que eu não carrego comigo, é a subserviência e a covardia, os piores defeitos de um homem. E a hora é essa. Nós vamos marchando para uma eleição, e enquanto o prefeito não corrige essas distorções, o secretário tenta passar por cima desta casa. Mas enquanto eu estiver aqui, vossas excelências tem que respeitar esta casa. Vossa excelência foi taxativo: completa um ano que o prefeito reuniu com esta casa. E eu acho que ela tem que ser consultada, porque, ou bom ou ruim, nós representamos a população de Caxias. Todos aqui merecemos respeito e consideração. E eu espero que vossa excelência, vereador Mário, não pregue no deserto, como João Batista”, finalizou.

Ascom/CMC