PF cumpre mandados de busca na casa de Collor e de outros políticos
do G1
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (14) a
Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato, com a execução de
mandados de busca e apreensão na residência de políticos suspeitos de
envolvimento com o esquema de corrupção. Os agentes da PF foram às casas
do senador Fernando Collor (PTB-AL), em Brasília e em Maceió, nas do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), em Brasília, na do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), na Bahia, e na do ex-ministro e senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
(Correção: inicialmente, esta reportagem informou que a PF havia
cumprido mandado de busca e apreensão da residência do empresário Arnon
de Mello, filho do senador Fernando Collor. Na verdade, o mandado foi
cumprido somente nas casas de Collor, em Brasília e em Alagoas).
Segundo a PF, esta nova fase da Lava Jato foi batizada de Politeia porque no livro “A República” o filósofo grego Platão descreve uma cidade perfeita, onde a ética prevalece sobre a corrupção.
Segundo a Policia Federal, o objetivo é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos
investigados. As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus
endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e
órgãos públicos.
Na capital alagoana, agentes da polícia também cumpriram mandado no
prédio da TV Gazeta, afiliada da TV Globo. A Gazeta tem Collor como um
dos principais acionistas. Agentes também realizaram buscas na
Organização Arnon de Mello (OAM), pertencente à família.
No Rio de Janeiro, a PF realizou buscas no prédio da BR Distribuidora.
Também foram alvo das buscas as casas de dois diretores da BR
Distribuidora, José Zonis e Luiz Cláudio Caseira Sanches.
Além de Alagoas, Distrito Federal e Rio de Janeiro, também há mandados para os estados da Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Santa Catarina (5) e São Paulo (5). Cerca de 250 policiais federais participam da ação em todo o país.
A defesa de Collor usou as redes sociais para se manifestar sobre a
busca e apreensão em suas residências. No Twitter e no Facebook, os
advogados do senador do PTB disseram repudiar com "veemência" a ida dos
policiais federais a residência dele.
"A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária,
considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois
anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o
ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos", diz
trecho da nota.
Responsável pela defesa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o advogado Antonio Carlos
de Almeida Castro, o Kakay, classificou de “abusiva” a busca e apreensão de documentos na casa do cliente dele.
“O senador já falou, colocou à disposição da polícia o sigilo
telefônico, bancário e fiscal. Vivemos uma época em que medidas
invasivas se tornaram regra, não exceção. Ele já prestou depoimento”,
ressaltou Kakay.
Por meio de nota, o advogado André Luís Callegari, que defende Fernando
Bezerra, disse que o parlamentar do PSB confia no trabalho das
autoridades e que continua à disposição da política para colaborar nas
investigações. Segundo o criminalista, Bezerra está aguardando para
prestar depoimento no inquérito da Lava Jato.
“O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) manifesta sua confiança no
trabalho das autoridades que conduzem este processo investigatório e
continua, como sempre esteve, à disposição para colaborar com os ritos
processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas;
inclusive, de documentos que poderiam ter sido solicitados diretamente
ao senador, sem qualquer constrangimento. Fernando Bezerra Coelho
aguarda o momento de seu depoimento e reitera sua confiança no pleno
esclarecimento dos fatos", escreveu o advogado no comunicado.
O diretor jurídico da Organização Arnon de Mello, Djalma Mello, disse
que a empresa está atendendo ao mandado judicial cumprido pela Polícia
Federal.
“Vamos atender a todas as exigências porque não há nada fora da normalidade”, disse o assessor jurídico.