O fim silencioso da Escola Deborah Pereira
*Por: Arnaldo Rodrigues
Numa
tentativa de salvar à educação no Brasil, muitos governantes têm recorrido as polícias
militares estaduais e aos grupamentos do Corpo de Bombeiros Militar. Em Caxias a gestão do prefeito Fábio Gentil, sem levar em consideração a importância histórica
da escola Deborah Pereira, em novembro de 2018, firmou parceria entre a Prefeitura de Caxias e o Governo
do Estado para implantação do Colégio Militar do 2 de Julho.
Não
sou nenhum especialista em educação, e nem quero questionar, o ótimo trabalho
das escolas militares, mas sou ciente que à Lei de Diretrizes e Bases da
Educação – LDB. em seus artigos não trata sobre a questão do ensino militar,
pois existe uma Lei específica que regulamenta as escolas militares no Brasil.
O interesse de boa parte
da população pelas escolas militares não se deve à disciplina por elas
prometida, e sim ao desejo por uma educação de qualidade para todos os
estudantes. É preciso que os governantes voltem valorizar e acreditar na
educação tradicional e nos educadores.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaiQVbrycMXiEgDz_M0Kdszjf14cAZFdKi73q0vo0TIbWfijjgxMgx2iw4FIJ-NW324U_DxsB9Xd7MSqfnqvUqjJFWQKJ4m1x6ygFiqYQGW4chQRzlPU3fwmPUrQ6YlLbBvs3GPAAEksw/s400/image001.jpg) |
Foto de arquivo da fachada da U.I.M Deborah Pereira na administração do ex-prefeito Humberto Coutinho |
Como cidadão caxiense e
geógrafo, sou aguçado pelas mudanças e transformações, ocorridas no espaço de
nossa cidade, tenho observado que aos poucos a escola Deborah Pereira, vai perdendo
sua identidade, junto à comunidade do bairro Volta Redonda e adjacentes. Prova disso é
que o edital lançado no inicio do ano de 2019 pelo comandante geral do Corpo de Bombeiros
Militar do Maranhão para seleção de novos alunos, 30% do total das vagas existentes serão destinadas para dependentes legais de
Bombeiros Militares do Estado do Maranhão e funcionários civis do CMCB, os 70% restantes das vagas ficam destinadas à comunidade.
Em conversa com alguns
moradores do bairro Volta Redonda, eles acham importante a instalação do Colégio
Militar no bairro, mas discordam plenamente da forma do processo seletivo que
prioriza dependentes de militares. Um outro ponto citado pelos é a possível
mudança no nome da escola. Se perguntarmos aos pais e alunos, os mesmo irão dizer que seus
filhos estudam no Colégio Militar 2 de Julho, e não Deborah Pereira.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrzFlkvmZr3l8bHH3iszzFbi-OJo0s6lXdIfFdtuFgCCbektxrxcgB3FfLUw2spyfQbWSR5SwhjQCjWf8nlMu8bmSljQBZ4DYe_Je7w9bzv9QhpEWs3_5pWRi0imm1gR5lxpBY-ZeLpuQ/s400/arnaldo.png) |
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Essa possível mudança de
nomenclatura da escola está estampada no fardamento dos alunos, só aparece como Colégio Militar. Segundo um dos fundadores e presidente da Associação de Moradores do Bairro Volta
Redonda, José Antônio de Carvalho, “O Marinheiro”. "Acho um verdadeiro desrespeito
com à comunidade da Volta Redonda, por parte da prefeitura em não ouvir à
associação de moradores sobre a instalação do colégio Militar. Tenho todos os
documentos, da fundação da escola Deborah Pereira e demais prédios públicos
instalados no bairro. Nos governos passados nós éramos ouvidos, sobre os assuntos direcionados à nossa comunidade". disse. Seu
Marinheiro possui nos arquivos da associação uma vasta documentação, onde
conta, como surgiu o bairro. Desde a sua ocupação no ano de 1976, as aberturas
de ruas, até a construção da primeira escola que foi a escola Antonio Edson
Rodrigues.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2FkN3353m-cvX7i0WOF1bDB8JaEcXS7wGE2WPI0IX91h2pPHfO5kzToyTZVNdYxi9TtpDQSkSl6GvAgIsWseEJygm1DnXAeJ8KEyfhVO8ikBXlZ7WAiDJjEeI_OBace3DEZ3l3atsg1A/s400/ata+1.jpg) |
Reprodução da ata de fundação da U.I.M. Deborah Pereira |
A Unidade Integrada
Municipal Deborah Pereira, foi fundada em 3 de setembro de 1980, na
administração do ex-prefeito Numa Pereira Bayma Pompílio. O nome da
escola foi uma homenagem prestada por ele à sua mãe, a saudosa professora Deborah Pereira, porém
seu funcionamento só aconteceu em 1984, na administração do ex-prefeito José castro.
No tocante é preciso
chamar à atenção das autoridades e entidades, como: Instituto Histórico e
Geográfico de Caxias, e o próprio setor de Patrimônio Histórico do município de
Caxias, se engaje para evitar o que aconteceu com a escola Monsenhor Clóvis Vidigal, na
COHAB, que teve seu nome abafado por conta da criação do Colégio Militar
Tiradentes IV.
Tem muitos ex-alunos,
que estudaram, Unidade Integrada Municipal “Deborah Pereira”, que são médicos,
professores, advogados, oficial da PM e delegado de polícia. "Será se eles iriam
dizer que estudaram no antigo Deborah Pereira"?
Não é novidade pra
ninguém que o setor educacional de Caxias na administração do prefeito Fábio Gentil tá deixando muito a desejar e precisa melhorar a qualidade do seu ensino. É
preciso que a SEMECT, reveja a situação os potenciais dos alunos do bairro Volta
Redonda, que pretendem estudar na escola Deborah Pereira, pois o papel da escola
é fazer a inclusão e não selecionar, ou teremos que lembrar trecho da música
“cidadão”, de Zé Ramalho, onde diz:
Tá
vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar.
* Arnaldo Rodrigues, é professor de formação em
licenciatura em Geografia, pelo CESC-UEMA Pós-graduando em Educação Ambiental,
pelo IESF., membro da Comissão de Criação da UEMALESTE e filiado ao Partido
Socialismo e Liberdade - Psol.