Vereadores fazem homenagem póstuma a Uaryni Cavalcante em sessão solene especial
O saudoso vereador caxiense Uaryni Bastos Cavalcante, falecido no início da semana passada aos 33 anos de idade, vítima da Covid-19, foi alvo de homenagens póstumas na Câmara Municipal de Caxias (CMC), na presença de seu pai, o ex-vereador Jerônimo Ferreira Cavalcante Filho, a quem substituíra na bancada do parlamento caxiense, na noite dessa quarta-feira (14).
Por decisão do presidente do legislativo, vereador Teódulo Aragão (PP), elogiada pelo parlamentar decano da casa, vereador Catulé (Republicanos), a sessão ordinária remota da data, que não pôde ser realizada por falta de número regimental de parlamentares na hora marcada para o início das atividades (18h), que pede a presença de dois terços da bancada, foi substituída por uma Sessão Especial Solene na qual os edis presentes, no espaço de pouco mais de uma hora, falaram a respeito da convivência que tiveram com o colega, durante três meses de mandato na atual 19ª Legislatura, e assistiram a uma peça de vídeo com imagens do funeral e de momentos vividos pelo homenageado.
Teódulo Aragão aproveitou o momento para destacar aos colegas, mais uma vez, que o município se encontra em uma situação muito dramática, vivenciando uma pandemia muito perigosa para a vida das pessoas, e que a atenção das autoridades e da população devem estar voltadas de todas as formas para combater a pandemia. Para o presidente, não é hora de quem quer que seja usar de práticas que visem a promoção pessoal de agentes que militem na política.
Em outro momento, o presidente disse: "O que me entristece nesse momento, caro ex-vereador Jerônimo, é as pessoas viverem este momento de pandemia, de desespero, de problemas iguais a esse, mudando o destino de todos nós, presidente Catulé, onde a lei natural da vida é o pai ser enterrado pelo filho, e não o filho ser enterrado pelo pai. E o que mais me entristece ainda são pessoas não se sensibilizarem, pessoas que fazem parte aqui da gente, que, o próprio ex-presidente parabenizou a decisão da mesa, em transformar uma sessão ordinária em sessão solene, em homenagem a esse grande homem, esse grande filho, e simplesmente desrespeitar esta casa, tentando obstruir uma sessão solene, desnecessariamente, com falta de respeito a esta casa, com falta de respeito ao vereador Uaryní, com falta de respeito ao vereador Jerônimo, que sempre lutou pela saúde de Caxias, onde ninguém pensou e ele foi lá e abriu a APAE; ele não tinha recurso, pediu ajuda. O vereador Catulé, que iniciou a vida política junto com meu pai, sabe muito bem disso. E neste momento, eterno presidente, infelizmente algumas pessoas ainda se utilizam dos problemas que estamos passando para fazer sensacionalismo, para fazer politicagem, para fazer coisas desnecessárias, quando a gente precisa de união, de apoio, da ajuda, da oração, rezar, a gente precisa de Deus. E nesse momento de homenagem a um grande amigo nosso, Torneirinho, aquele que em nenhum momento se alterou, agiu de forma diferente, sempre centrado, eu acho que a gente precisa ter mais amor. A gente erra, mas não devemos continuar no erro", destacou.
É difícil encarar a realidade
Após convite do presidente Teódulo Aragão, o ex-vereador Jerônimo Cavalcante foi o primeiro a se pronunciar na sessão solene. Ao iniciar suas palavras, ele disse: "Compreender os propósitos de Deus, muitas vezes pode ser uma tarefa bem difícil, principalmente quando somos arrebatados pela dor de perder a quem amamos. É duro constatar que não há estudos, leituras ou terapias capazes de nos ensinar a lidar com a dor da ausência definitiva. Hoje, nesta casa, onde meu filho, o vereador Uaryni Bastos Cavalcante, atuou por apenas três meses, mas, neste pouco tempo, fez amigos, atuou como sempre pensou, em defesa de uma sociedade justa; aqui procurou fazer história e honrar os votos que recebeu".
Continuando: "É difícil encarar essa realidade; um jovem com tantos sonhos ainda para viver e realizar; mas a vida nunca foi justa e eu tento me apegar todos os dias nas melhores recordações, para que um pouco de paz possa invadir o meu coração. Serei forte! Podem ter certeza que, após meu luto, as coisas vão começar a melhorar. Claro que vai faltar sempre seu corpo, mas podem ter a certeza que ele vai estar sempre presente, nos pensamentos e nas ações... Quero dizer ainda que seu nome não passará em vão, nesta querida terra. Ficará eternizado através do Instituto Vereador Uaryni Cavalcante, que estamos fundando para continuar seu projeto".
E, concluindo: "Desejo a todos os amigos vereadores que realizem seus sonhos e possam contribuir com o nosso prefeito Fábio Gentil, para juntos sairmos dessa pandemia, de forma que nosso povo não venha mais sofrer tanto. Tenho certeza que, juntos, o povo, o legislativo e o executivo, seremos fortes contra o covid-19. Obrigado a todos e boa sorte! Como dizia o vereador Uaryni: Os laços de amor que são construídos na Terra, são eternos'".
Um cara muito inteligente
Em seu pronunciamento, o presidente Teódulo Aragão começou lembrando a contribuição que sua família deu para a criação da APAE de Caxias, destacando o fato de seu pai ter acreditado no trabalho que o ex-vereador Jerônimo pretendia estabelecer e que foi realizado na cidade, o que, a seu ver, era a mesma coisa que assistia atualmente sendo feita pelo colega Uaryní, dando prosseguimento à atuação de seu pai e de sua mãe na entidade. "Para mim, mesmo com a idade que ele tinha, Uaryní era um cara altamente inteligente. Tanto que abraçou a causa da APAE, acompanhando o caminho do pai e tudo que este fez e acreditou. E estava, aqui nesta casa, acompanhando o pai, fazendo o caminho do pai e, hoje, infelizmente, deixou o pai sozinho, mas com a esperança de que o pai vai fazer um instituto com seu nome, e esse nome, Uaryní, nunca mais será esquecido na cidade de Caxias. Apesar da pouca idade, ele fez muitos amigos; da pouca convivência, mesmo assim eu tive uma amizade muito grande para com ele. Lembro que, desde que terminou a eleição, a gente começou a se reunir, conversar, estivemos juntos, trocamos ideias, discutimos e, infelizmente, a última vez que o vi foi na porta da casa do ex-vereador Jerônimo, saindo para Teresina. E ele, o tempo todo, daquele jeito, confiante, mas, infelizmente, aconteceu. ...Vereador Jerônimo, como disseram aqui outros vereadores, Catulé, Torneirinho, Ricardo Rodrigues, o que podemos dizer, todas as palavras nossas aqui, é que não vai adiantar consolo, não vai adiantar qualquer palavra, mas Deus vi confortar o coração da família, o coração do senhor; Deus vai salvar dona Alzira e, com fé em Deus, nós vamos sair de tudo isso. Quero aqui agradecer a presença do senhor nesta casa, agradecer pelo respeito que o senhor sempre teve a todos nós nesta casa, porque, apesar de ser novo, assim como Uaryní, nós precisamos respeitar esta casa todo o dia; nós precisamos manter o nome desta casa, sempre com muito respeito e integridade, e Deus vai nos ajudar...", concluiu.
Além de Teódulo Aragão e do ex-vereador Jerônimo Cavalcante, 13 parlamentares fizeram uso da palavra na sessão solene.
Ascom/CMC