quarta-feira, 17 de maio de 2023

Médico José Napoleão desenvolve cama terapêutica de imersão a seco para tratamento em UTI, de pacientes com Sepse (infecção grave) 

Equipamento já foi patenteado nos EUA e encontra-se em análise no INPI no Brasil

A primeira cama terapêutica de imersão a seco é uma invenção pensada, planejada e construída pelo médico piauiense José Fortes Napoleão do Rego Filho, o Dr Ziga Napoleão. O equipamento já foi patenteado nos Estados Unidos e encontra-se em processo de análise para patente brasileira no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI.

“Ao que tudo indica esta deve ser a primeira patente originalmente piauiense a ser registrada pelo United States Patent, dos Estados Unidos da América”, ressaltou José Napoleão.

O que é a invenção?

Trata-se de uma cama a ser utilizada em Unidades de Terapia Intensiva hospitalar para o tratamento de pacientes com alto grau de inchaço, o chamado edema generalizado, na maioria das vezes provocado por infecção grave, chamada de SEPSE. Nestes casos um paciente pode reter 10, 15, 20 ou mais litros de líquido. Isso compromete o funcionamento de vários órgãos e dependendo do caso a pessoa não só pode perder a capacidade de eliminação do líquido como até vir a óbito.

A hidroterapia é utilizada no tratamento de doenças desde 2.440 aC. Na Grécia antiga, Homero mencionou o uso da água para tratamento da fadiga, como cura de doenças e combate da melancolia. Na Inglaterra as águas de Bath foram usadas 800 aC com propostas curativas.

Na Rússia, foi aperfeiçoada na medicina aeroespacial. Mas o que tem de novo no projeto do médico piauiense? 

A cama terapêutica idealizada pelo Dr José Napoleão Filho, é o primeiro equipamento médico hospitalar a reunir uma série de utilidades a partir da hidroterapia.

O equipamento consiste numa cama de UTI especialmente desenvolvida para ser utilizada dentro de uma estrutura (uma espécie de aquário) que permite ser o paciente submerso em água. Mesmo assim a terapia é chamada a seco, pois o paciente fica “envelopado” dos pés até o tórax, num lençol de plástico transparente e confortável.

“Mas a água consegue manter contato com o paciente através do plástico (imersão sem molhar o corpo) e exercer a pressão hidrostática necessária ao tratamento. E como a cama possui mecanismos de elevação para cima e para os lados, o médico terá total controle na terapia”, explica o criador José Napoleão.

Porque Dr José Napoleão desenvolveu o projeto?

Tudo começou em 2012 quando o médico precisou tratar um paciente já desenganado pela medicina em função de edema generalizado. Era um paciente que se recuperava de cirurgia para correção de um aneurisma na aorta abdominal.

“Foi aí que passei a pesquisar sobre a hidroterapia no tratamento de pacientes com alto grau de encharcamento, grande retenção de líquido”, disse.

Esse paciente foi submetido a essa terapia com uma estrutura tipo artesanal, mas com resultados satisfatórios.

“Ele mal conseguia expelir 350 ml de urina ao dia e no primeiro dia da hidroterapia urinou seis litros. Foi um tratamento tão exitoso que o paciente conseguiu se recuperar totalmente em poucos dias. Além de tudo com a cama terapêutica de imersão a seco que criamos podemos oferecer um tratamento muito mais eficiente e humanizado”, declarou Dr Napoleão.

Patente nos EUA

Em março último a invenção do médico piauiense recebeu patente nos Estados Unidos. Aqui no Brasil o processo é lento e encontra-se sob análise no Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

“Estamos aguardando pelo registro da patente pelo INPI, embora já seja possível sua industrialização nos Estados Unidos,” explica.

Mês passado, um intermediador de negócios entre inovadores e indústria, após contatos com grandes fabricantes internacionais camas de UTI, como a Stryker, Hill Room e outros, fez uma avaliação da invenção em torno de 10 milhões de dólares, como ela se encontra hoje.

“Ainda estamos analisando a proposta, mas nosso interesse é em industrializar aqui mesmo no Brasil, de preferência no Piauí”, disse Dr Napoleão.

Nos dez anos de estudos e experimentos o médico já investiu no projeto mais de 1 milhão e 800 mil reais. Está cama tem a potencialidade de possibilitar, quando associada aos tratamentos atuais para a SEPSE, uma redução na mortalidade em torno de 100.000 mortes/ano por esse tipo de infecção.

(Por: Douglas Ferreira/Portal Move Notícia)