quinta-feira, 8 de maio de 2025

O Globo: Governador do Maranhão silencia sobre lançamento de seu vice à sucessão 

O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), viu nesta semana o Partido dos Trabalhadores (PT) assumir a dianteira nas discussões sobre sua sucessão. Enquanto o governador prega cautela e paciência, a legenda lançou oficialmente a pré-candidatura de seu vice, Felipe Camarão.

Diante da ofensiva petista, Brandão manteve a compostura e preferiu o silêncio. Aliados do governador acreditam que o PT continuará avançando nas articulações, com o objetivo de levar o debate sucessório até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como antecipou a colunista Bela Megale, o secretário-geral do PT, Henrique Fontana, oficializou a escolha de Camarão nessa segunda-feira (5), durante reunião do partido.

A candidatura do companheiro Camarão a governador é questão de justiça. Estivemos ao lado do governador Brandão durante toda a campanha. Passamos por cada cidade dizendo: Lula presidente, Flávio Dino senador, Brandão governador e Camarão vice. Nada mais justo do que pleitearmos esse lugar ao sol — afirmou Fontana no evento.

Em entrevista recente ao GLOBO, Brandão demonstrou certo incômodo com os movimentos do vice:

Qual é o jogador de futebol que não quer jogar na seleção? Fui vice por oito anos e sonhava em ser governador, mas nunca falei. Fiquei aguardando, nunca provoquei.

Questionado se via problema nas articulações de Camarão, Brandão recuou:

Não, eu o entendo. É muito jovem, nunca disputou um cargo eletivo e tem entusiasmo. É como a primeira namorada, aquele amor. Acho que é juventude e temperamento. Eu sou meio monge: fui à China sete vezes e acho que aprendi a ter paciência por lá.

O pano de fundo do impasse é um acordo antigo. Vice do então governador Flávio Dino por dois mandatos, Brandão foi escolhido como sucessor com um compromisso firmado: Camarão assumiria o governo em março do próximo ano.

No entanto, com o passar do tempo, Brandão e o grupo político de Dino se distanciaram. Hoje, o governador tem seus próprios nomes para a sucessão — entre eles, seu sobrinho Orleans Brandão, apontado como um dos favoritos.

Segundo aliados do atual governador, sua tentativa de consolidar independência política gerou desconforto no grupo de Dino, que esperava manter influência nas decisões de alto escalão da administração estadual. (O Globo)