terça-feira, 18 de março de 2014

Como os prefeitos ficam ricos com as enchentes no Maranhão


Carlos Machado, ex-prefeito
Carlos Machado, ex-prefeito
Todos os anos o fenômeno das enchentes de repetem no Maranhão. E sempre nas mesmas cidades. Solução para evitar novos problemas, nada. Boa parte dos prefeitos das áreas atingidas ficam rogando a São Pedro que abram as torneiras. Assim recebem dinheiro de programas emergenciais e ainda aproveitam para decretar “estado de calamidade pública” para que obras possam ser contratadas com dispensa de licitação.
A malandragem chega ao ridículo quando os prefeitos inventam se aproveitam das cheias em cidades vizinhas, filmam e enviam as imagens como se fossem em seus municípios. Ganham verbas estaduais e principalmente federais. O resultado é visto pouco tempo depois quando começam a ostentar uma patrimônio que nunca tiveram.
Foi assim em Senador Alexandre Costa. O Ministério Público Federal investigou e concluiu que em 2009, o então prefeito Carlos Pereira Machado (PTB) forjou uma enchente e ganhou recursos federais para reparos causados pelas cheias. A filmagem foi feita na cidade de  Gonçalves Dias.
Em edições especiais intituladas JP na Estrada, o jornalista Osvald Viviane do Jornal Pequeno constatou a fraude em Senador La Rocque durante sua passagem pela cidade no final de 2011. “Por conta da suposta enchente, o Ministério da Integração Nacional enviou a Senador Alexandre Costa, entre agosto de 2009 e junho de 2010, um total de R$ 2.005.272,41″, informa reportagem.
 Foto reprodução JP na Estrada
O inquérito civil foi aberto pelo procurador da República José Milton Nogueira Júnior, mas recentemente passou por uma redistribuição, e agora está nas mãos do procurador José Leite Filho. Caso seja constatada a fraude, o prefeito terá de devolver os recursos. Ele nega as acusações.
 Foto reprodução JP na Estrada
“O JP na Estrada esteve em Senador Alexandre Costa e ouviu vários moradores de uma das áreas mais baixas do município – o bairro conhecido como Maria Fininha. Todos disseram que em 2009 as águas subiram, como ocorre em quase todos os anos, no período chuvoso, mas não houve propriamente uma enchente no local”, constatou o jornalista.
E mais: “Igualmente nenhum morador relatou ao JP na Estrada ter ficado desabrigado ou desalojado. A prefeitura informou à Defesa Civil Nacional um número de mais de 300 pessoas desabrigadas (perderam suas casas com a enchente) e igual quantidade de desalojados (moradores tiveram de abandonar suas casas)”.
A pequena cidade, que naquele período tinha pouco mais de 12 mil habitantes, viu o patrimônio da Foto 
Machadinho crescer velozmente. Antes de se eleger prefeito, apresenta na suas declaração de Imposto de Renda apenas R$ 36 mil em bens. Logo virou dono de três prédios que foram alugados para a prefeitura. Ou seja: ele pagava de um lado do balcão e recebia do outro, além de ter sido apontado como proprietário do único posto de combustível da cidade.
Quanto à indenização, a moradora disse que depois da conversa com Edvan nunca mais foi procurada pela prefeitura.
“Com a decretação de emergência (em 26 de abril de 2009) e calamidade (em 30 de abril de 2009), Carlos Machado pôde firmar um convênio com o Ministério de Integração Nacional, em 14 de agosto de 2009, no valor de R$ 2.005.272,41, recebido em duas parcelas. A vigência do convênio terminou em 9 de junho de 2010″, mostrou o JP na Estrada.
Enquanto Senador Alexandre Costa não cresceu, Machadinho é hoje um homem de posses, vastas posses. Além de imóveis naquela cidade, tem outros em áreas nobres de São Luís. E mais recentemente abriu em sociedade uma boite na área da Lagoa da Jansem, com um filho de um construtor que tem irmão que já foi vereador na capital.
As águas das chuvas podem não ter causado cheias em Alexandre Costa, mas a fraude serviu para encher no bolsos do ex-prefeito. Aliás, o que não falta no seu novo empreendimento é a enchente de uísques.
blog do Luis Cardoso