segunda-feira, 17 de julho de 2017

Sobrevida de Michel Temer faz Roseana se movimentar; condenação de Lula estimula Flávio Dino a agilizar governo e ações politicas 

do Repórter Tempo 

A guerra está longe de chegar ao fim, as batalhas a serem ainda travadas estão a caminho e o desfecho da opereta protagonizada pelo presidente Michel Temer (PMDB) é, portanto, rigorosamente imprevisível. A vitória – forjada, armada, comprada, seja lá o adjetivo que quiserem usar – do presidente da República na Comissão de Constituição e Justiça e os sintomas de que aquele resultado será repetido no plenário da Câmara Federal foram visivelmente comemorados pelos aliados do presidente, principalmente no Maranhão, que do clima de desânimo registrado na semana anterior passaram a enxergar uma luz no fim do túnel e a fazer planos para as eleições do ano que vem. Até pouco tem cautelosamente recolhida, só se manifestando e mandando recados por intermédio de aliados de proa e em situações excepcionais, a ex-governadora Roseana Sarney começa a sair da condição de produtora de suspense político para começar a desenhar política e abertamente o seu projeto político-eleitoral cujo objetivo é voltar ao Palácio dos Leões em 2018. Por outro lado, esse cenário em evolução acendeu um sinal de alerta para os opositores do presidente Michel Temer, que no Maranhão são liderados pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que já tem montado o seu projeto de reeleição.
Com movimentos ainda tímidos, a ex-governadora do Maranhão tem dado prosseguimento a uma ampla consulta à classe política, recebendo, às terças e quintas-feiras, nas instalações do Sistema Mirante, líderes de partidos e de grupos para conversar. Roseana Sarney não deu até agora certeza de que será candidata ao Governo no ano que vem, mas é cada vez maior o número de aliados dela que manifestam essa convicção. Antenada e muito envolvida com o que acontece em Brasília, ela trabalha com a possibilidade de Michel Temer ser livrado do risco de ser mandado para casa, pois sabe que sem o aval do Palácio do Planalto e da cúpula do PMDB uma eventual candidatura poderá até decolar, mas terá voo breve. Trabalha também com a hipótese de que a presidência da República caia nas mãos do presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), de quem é amiga e interlocutora política.
Política tarimbada, que já viveu as mais diferentes situações partidárias e eleitorais, Roseana Sarney sabe que, para ser candidata com alguma chance de se dar bem precisa, além do suporte planaltino e peemedebista, afastar alguns obstáculos já mostrados, que vale a pena serem lembrados por seu poder de influência na definição do projeto: a expressiva rejeição, os vários fantasmas judiciais que rondam os Governos que comandou, principalmente o último. Além disso, precisa recompor o grande grupo, pulverizado nas urnas em 2014. Não é sem razão, portanto, que a ex-governadora mergulha em consultas, pois sabe que as informações que está recolhendo são preciosas e a ajudarão a tomar um rumo. Até lá, estará na linha de frente da tropa de choque do presidente Michel Temer, tentando estancar a sangria presidencial para viabilizar a sua candidatura, que é tida como certa por alguns, como o senador João Alberto (PMDB), por exemplo, mas que também é apontada como inexistente pela ex-prefeita de Lago da Pedra e pré-candidata “irreversível” ao Palácio dos Leões, Maura Jorge (Podemos).
No contrapeso, o governador Flávio Dino se movimenta rumo à reeleição usando todos os recursos ao seu alcance, inclusive os políticos. Ao contrário de sua eventual adversária, ele só precisa manter e trabalhar para ampliar o seu horizonte eleitoral num contexto em que terá de enfrentar o poder de fogo do Palácio do Planalto, situação que já viveu em 2014, quando enfrentou o posicionamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente Lula da Silva (PT) que apoiaram abertamente a candidatura do seu adversário, Lobão Filho (PMDB). Agora, Flávio Dino é um político muitas vezes mais robusto e sólido tem o apoio declarado e determinado dos dois, mesmo sem saber como eles participarão das eleições do ano que vem.
Afirmando que ainda não está “fazendo política” visando às urnas, o governador vem atropelando a crise e acelerando os principais programas do seu Governo, que controla com mão firme para manter em elevado nível de eficiência e em respeitável padrão ético. Aposta alto no resultado dessas ações para consolidar o seu projeto de poder, que passa pela sua reeleição, pela eleição de uma base parlamentar sólida e de uma bancada federal forte, e pela volta da esquerda ao poder central, de preferência com a eleição do ex-presidente Lula da Silva.
É fato, portanto, que o desfecho dos problemas que tiram o sono do presidente Michel Temer e dos que atormentam o ex-presidente Lula da Silva terão reflexos importantes nos movimentos de Roseana Sarney e Flávio Dino na construção para a corrida eleitoral de 2018,