quinta-feira, 4 de março de 2021

Câmara de Vereadores enviará relatório para fundamentar novas medidas contra a Covid-19 em Caxias 

Presidente da CMC, vereador Teodulo Aragão (PP) 

O presidente da Câmara Municipal de Caxias (CMC), vereador Teódulo Aragão (PP), declarou na noite dessa quarta-feira (3) que a qualquer momento desta quinta-feira (4), no máximo até sexta-feira, a Comissão Permanente de Saúde do parlamento caxiense apresentará um relatório através do qual o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) poderá balizar mais um conjunto de medidas que irá apresentar à sociedade para controlar a pandemia do Covid-19 no município, que se intensificou nos últimos dias em razão de flagrantes aglomerações de pessoas, especialmente jovens, tanto na cidade como na zona rural.

A declaração do presidente da CMC ocorreu após a realização de uma reunião dos vereadores com representações da sociedade organizada, policiais civis e militares, secretários municipais e empresários, convocada pelo legislativo. A reunião inicialmente estava prevista para ocorrer no plenário da Câmara, mas acabou se realizando no auditório da Prefeitura, local mais amplo para abrigar com distanciamento parlamentares e convidados.

Ao abrir o encontro, Teódulo Aragão, ao agradecer a presença dos convidados e parlamentares, observou que o encontro tinha por finalidade discutir o grave problema da crise sanitária que a pandemia do Covid-19 está causando na região de Caxias. Ele destacou que a situação, embora não seja um fato isolado a Caxias, mas que está ocorrendo também em nível nacional, deixa a comunidade e as autoridades apreensivas e preocupadas, face à constante expansão da perigosa doença no município, principalmente nos últimos dias.

Tendo a seu lado os vereadores que compõem a Comissão de Saúde da CMC, formada pelos edis Gentil Oliveira (PV), Luís Lacerda (PCdoB), Uaryni Cavalcante (PMN), sob a presidência do vereador Ricardo Rodrigues (PT), o presidente da Câmara convidou a fazer parte da mesa o secretário de Governo do município, Fernando Ferraz, o secretário de Saúde do município, Carlos Alberto Martins, o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar do Maranhão, Major Ricardo Almeida de Carvalho, o delegado da Polícia Civil do Maranhão, Zilmar Santana, e o presidente do Sindilojas, empresário Ivan Ferreira.

Pronunciamentos


Nos pronunciamentos que se sucederam, após a fala inicial do presidente, todos os oradores elogiaram a iniciativa do vereador Teódulo em promover o encontro. Houve consenso geral de que ainda não há necessidade de ser determinado um novo fechamento do comércio para reduzir a circulação de pessoas na área comercial, como aconteceu no ano passado. Prevaleceu a ideia de que medidas do mesmo teor decretadas nesta quarta-feira pelo Governo do Estado, mas com adaptações à realidade local, possam vir a ser implementadas pela prefeitura o mais rápido possível.

Usando da palavra, o secretário de Saúde, Carlos Alberto Martins, explicou que a rede municipal de saúde vivencia uma situação muito grave no atual momento. Segundo ele, ainda há uma certa disponibilidade de leitos de enfermaria na cidade. Contudo, o quadro é crítico quando se olha para o cenário das internações que exigem UTI. "Estamos com mais de 70% dos leitos ocupados e a disponibilidade não é só para Caxias, mas para toda uma região que concentra 70 municípios", frisou.

Ao se expressar na reunião, o secretário Carlos Alberto fez o mesmo que o secretário de Governo Fernando Ferraz, destacando que estava ali para ouvir as aspirações dos segmentos mais representativos da comunidade caxiense, tendo em vista orientar as futuras decisões da administração municipal para o enfrentamento da pandemia. O secretário de Saúde, que se fazia acompanhar da assessora Mônica, revelou que passara o dia estudando os termos do novo decreto assinado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) nessa quarta-feira, estabelecendo novas regras na tentativa de diminuir o crescimento da pandemia no Maranhão.

Por sua vez, o empresário Ivan Ferreira lembrou que a pandemia já provocou perdas da ordem de 30% nas vendas em todo o comércio de Caxias. Para ele, qualquer paralisação agora, mesmo por pouco tempo, só trará prejuízos irrecuperáveis para a economia do município. Na visão do empresário, não são as lojas que favorecem a aglomeração de pessoas. "As lojas são os estabelecimentos que mais respeitam os protocolos sanitários", enfatizou, lembrando que o seu estabelecimento, desde o início da pandemia, nunca registrou um funcionário infectado.

E continuando: "Hoje os comerciantes de Caxias empregam cerca de 26 mil pessoas no município. Com os comércios fechados teríamos que demitir pessoas, prejudicando a economia da cidade e ampliando o número de cidadãos desesperados por falta de trabalho, o que só faz favorecer a criminalidade, dificultando ainda mais o trabalho do quadro policial, a segurança do município". Na oportunidade, o empresário foi secundado por uma representante do segmento das academias de ginástica caxienses, pedindo que tais empreendimentos não sejam fechados, até mesmo porque ginástica melhora a condição de vida das pessoas.

Também se manifestando na reunião, o delegado civil Zilmar Santana ressaltou que a Delegacia Regional de Polícia, comandada pelo delegado Alcides, tem se esforçado para cumprir as determinações do governo para enfrentar a pandemia. Ele enfatizou que o trabalho se torna mais difícil por causa da incompreensão das pessoas, principalmente dos jovens que, sempre que podem, aproveitam para se aglomerarem.

Major Ricardo Almeida de Carvalho, do 2º BPM, disse em seguida que a força tem se esforçado para atender a tantas demandas que estão ocorrendo. "Mesmo assim, está difícil. São muitas aglomerações, festas principalmente, que as patrulhas do batalhão têm que controlar. Na zona rural, no último fim de semana, tivemos que interromper uma festa que tinha milhares de jovens", enfatizou, salientando que a PM continuará a executar na área as determinações das autoridades de segurança.

Quatro vereadores também se manifestaram na reunião. Ricardo Rodrigues e Uaryni, para ressaltarem que a Comissão Permanente de Saúde do legislativo estava atenta a todas as colocações, a fim de poder subsidiar uma nova medida administrativa da prefeitura em relação a pandemia, prevista para os próximos dias. "Estamos aqui para ouvir ideias, que serão traduzidas em informações para orientar a prefeitura", revelou Uaryni.

"Nos últimos dias visitamos muitos estabelecimentos, para saber a real situação do município em relação à pandemia do covid-19. A intenção inicial era recomendarmos o fechamento do comércio, mas depois preferimos ouvir todos os segmentos da sociedade, para fazermos algo mais correto", lembrou o vereador Ricardo Rodrigues.

Daniel Barros (PDT), falando como líder da oposição, disse que o encontro não era para ser usado com conotação política, mas para produzir recomendações importantes para a saúde da população. Barros, que na gestão passada foi diretor da unidade regional de saúde do Estado, salientou que as preocupações de todos ali eram muito pertinentes, em razão do perigo de colapso que se acerca do sistema de saúde do município. O vereador confirmou que o Hospital Macrorregional Dr. Everaldo Aragão já não dispõe no momento de leitos para internação.

Já o vereador Darlan Almeida (PL) centrou seu discurso na argumentação de que todas as pessoas de Caxias já não podem mais ignorar os perigos da Covid-19. "Peço que todos os caxienses nos escutem, porque estamos diante de uma doença muito perigosa. No ano passado, fui um dos vereadores que visitei as unidades de saúde da cidade, para saber do trabalho que estava sendo realizado pelos profissionais de saúde. O resultado é que peguei também a covid-19. Passei mais de uma semana internado no hospital de campanha Centro Médico, até deixar o local curado e dizer, agora, que é uma doença muito ruim", enfatizou.

Retorno parlamentar

No final do encontro, o presidente da CMC agradeceu a presença de todos que participaram da reunião, e observou que o evento foi um momento muito produtivo para Caxias. Em sua opinião, os empresários, os comerciantes da cidade, bem que poderiam custear a testagem de seus funcionários, meio que encontrou recentemente para saber da saúde dos servidores do legislativo municipal.

"O resultado foi que identificamos 14 servidores infectados, e decidi suspender os trabalhos da casa por duas semanas, até a próxima sexta-feira (5). O perigo é maior quando se tem funcionário assintomático no trabalho, que acaba contaminando muita gente sem saber. Na segunda-feira que vem, dia 8, vamos retomar nossos trabalhos, mas ainda com restrições, em modo remoto, virtual, e utilizando grupo de servidores reduzido. Não podemos esquecer que, ao contrário do que muita gente pensa, estamos em um momento muito perigoso de uma pandemia que não se sabe quando irá acabar. Como poder legislativo, temos que contribuir também para a sociedade dando o exemplo", concluiu.

Ascom/CMC