sexta-feira, 4 de março de 2022

Maranhenses querem se juntar às tropas da Ucrânia na guerra contra a Rússia 

Bombardeio russo à Ucrânia, onde maranhenses querem lutar
para fortalecer a defesa contra o inimigo vizinho 

A invasão da Rússia à Ucrânia tem atraído atenção de brasileiros que dizem querer participar do conflito lutando ao lado das forças de segurança ucranianas. A maioria dos que buscam informações sobre como lutar contra os russos é composta por homens aparentemente jovens e de estados distintos como o Maranhão, São Paulo e Paraná.

Na internet, eles buscam informações em grupos no Facebook e recebem orientações sobre como se alistar usando grupos de WhatsApp e Telegram.

A BBC News Brasil localizou pelo menos um brasileiro que diz atuar no combate aos russos e que afirma ter sido acionado por outros brasileiros querendo participar dos embates.

Procurada, a Embaixada da Ucrânia em Brasília confirmou que vem sendo contatada por cidadãos do Brasil querendo lutar ao lado dos ucranianos.

Eles demonstram interesse em grupos no Facebook e logo são orientados por outros usuários a entrarem em grupos de WhatsApp ou Telegram, onde passam a receber informações mais detalhadas sobre o assunto.

Maranhense com sede de aventura

Foi em um grupo de brasileiros na Ucrânia no Facebook que um homem de 29 anos de idade do interior do Maranhão passou a procurar formas sobre como participar da luta contra os russos.

Bruno (nome fictício usado a pedido dele) diz que acompanha a situação da Ucrânia com atenção há alguns meses. Nas últimas semanas, começou a buscar informações sobre como poderia se alistar.

Ele diz acreditar que seu treinamento com armas pode ser útil na Ucrânia, embora reconheça que a situação no país europeu requer mais condicionamento.

Segundo ele, os principais motivos que o levam a querer ir para a Ucrânia são a paixão que ele tem por assuntos militares e o que ele classificou como “sede de aventura”.

“Eu sempre gostei do meio militar. No Brasil, infelizmente, eu não consegui servir ao Exército, mas agora, pretendo me alistar no exército da Ucrânia. É uma sede de aventura. Quero viver esse momento ao lado dos ucranianos”, disse.

Bruno diz que, nos grupos de WhatsApp e Telegram, entrou em contato com ucranianos que repassam informações sobre a situação do conflito e como entrar no país. A comunicação é feita, quase sempre, por meio de tradutores eletrônicos de idiomas.

Segundo ele, o único empecilho para a sua ida, neste momento, é o preço das passagens para a Polônia, país que faz fronteira com a Ucrânia e que tem sido o principal ponto logístico para a organização da legião autorizada por Zelensky.

“Não dá pra chegar de avião na Ucrânia. Tem que ir até a Polônia e depois atravessar a fronteira. A única coisa que me parou até o momento é o preço das passagens. Mas assim que eu tiver, eu vou”, afirmou.

Bruno diz que não tem medo de morrer. “Todo mundo vai morrer um dia. Eu não tenho medo de morrer lá, no confronto. Tenho só medo de quem vai ficar pra trás, a minha família”, afirmou.

Maior colônia

Mas é no Paraná que se concentra a maior parte dos descendentes de ucranianos no Brasil, uma comunidade estimada em aproximadamente 500 mil pessoas.

Nesses grupos, os brasileiros são informados de que, atualmente, a única forma de chegar à Ucrânia é por via terrestre, partindo de alguns dos países que fazem fronteira com o país, no Leste Europeu.

Para quem está no Brasil, participar dessa luta implicaria em viajar à Europa, um trajeto que pode custar, apenas com bilhetes de avião, mais de R$ 7 mil.

Eles também ficam sabendo da extensa lista de documentos e certificados como comprovantes de idoneidade que eram exigidos pelo Exército ucraniano para que estrangeiros fossem aceitos.

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