quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Uma crônica sobre papo de dois boleiros caxienses e seus veios artísticos, além do futebol

Da coluna do Wybson Carvalho (Portal Noca) 

Sonhar é preciso...  “a vida é amiga da arte”... CV.

Vez em quando, os homens de mente sã põem-se à imaginação utópica e chegam a realizar viagens sem bagagem material e, somente, em busca de dádivas possíveis. Pois bem! 

Há algum tempo, sentado a uma mesa na confraria do Cantarelle, após ter deglutido várias doses do vinho da cana de açúcar, lembrei-me de dois vultos caxienses que, segundo os próprios, foram homenageados, ainda em vida, pela arte da música e da poesia. Trata-se dos saudosos: José Compasso, o Zé Pretinho, e, José Rodrigues de Sousa, o Zé mer..., aquela coisa.

Ambos, por inúmeras vezes, quando freqüentadores assíduos daquela confraria, teimavam em dizer que o músico Jorge Bem e o poeta Carlos Drumond haviam feito a música “A Banda do Zé Pretinho” e a poesia “José”, homenageando-os, respectivamente.

Peguemos, pois, carona na condução dessa viagem e chagaremos à enorme coincidência do comportamento humano de nossos vultos com os trabalhos dos valorosos artistas: o Zé Pretinho possuiu uma banda de música, à base de percussão, corda e sopro, que tocava muito nas festas da zona rural do município de Caxias e, lá, era sempre bem-chegado sendo, ainda, ótimo músico da Lira Municipal e o Zé mer..., aquela coisa, esteve, durante algum tempo, sozinho, sem mulher e com problemas no pulmão e, ainda, protestava à impossibilidade de cuspir ao chão, mas com maestria era ótimo dançarino e dançava a Valsa Vianense nos salões das memoráveis e antigas Casas Noturnas da cidade: Boite Madri, Casa Amarela e Bagdá. 

A única verdade é que, na vida, os singelos homens de parca posse material, mas milionários de espírito alegre em viver, são pretensiosos protagonistas no teatro quase possível da vida e arte.  E, assim, ratificam como protagonistas de personagens vivas e afixadas na memória popular de seus conterrâneos, que a “ARTE É AMIGA DA VIDA”, na dimensão terráquea. Ambos, protagonista desses seus sonhos, fizeram parte do inusitado, festivo folclórico jogo entre um selecionado caxiense de futebol amador e o Piauí Futebol Clube, realizado na década de setenta, no Estádio Duque de Caxias; nossa única praça esportiva naquela época. O selecionado caxiense formou a onzena titular da seguinte maneira: Onça, Douceiro, Fussura, Mussuraca e Sargassa, Tonca, Feixe de Talo, Zé Merda, Cascoré, Peixeiro e Grilo. E, na suplência, estiveram presentes os jogadores: Zé Pretinho, Catita, Lua, Gereba, Veloz, Alumínio e Zeca de Olinho. Um elenco, coincidentemente, sem um nome próprio... na realidade, todos os jogadores tinham, respectivamente, seus apelidos. No final do jogo o placar foi Selecionado Caxiense (3) x (7) Piauí Futebol Clube.