segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Professor alerta para os riscos da volta de 4,5 milhões de brasileiros à linha da pobreza 


No início deste mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que no Brasil, 13,5 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, com até R$ 145 por mês. Este é o maior contingente desde 2012, quando se iniciou a série histórica. O aumento no desemprego é apontado com um dos principais fatores, mas, para o professor de Serviços Sociais da Universidade Santo Amaro – Unisa, Emanuel Freitas, a complexidade deste fenômeno é ainda maior.
“O aumento da pobreza está relacionado por exemplo, a redução do investimento em políticas públicas que possibilitem o acesso a bens e serviços públicos, que nada mais são que a materialização dos direitos sociais, a cada dia mais atacados. O aprofundamento da perspectiva econômica neoliberal tem imposto aos mais pobres o pagamento de uma conta que não é sua”, afirma o professor.
Entre 2014 e 2018, 4,5 milhões de brasileiros desceram ao nível de extrema pobreza. Freitas pontua que as perspectivas a curto e médio prazos é de poucas melhoras, em especial para o desenvolvimento econômico do País, instável há alguns anos. “Há uma questão muito simples no que diz respeito à economia que é: sem distribuição de renda, a economia não gira. Isso gera uma estagnação econômica primeiro e, por consequência, social, muito profundas. Infelizmente, pelo andar da carruagem, a perspectiva é de que esta situação se atenue ainda mais”, acredita o docente.
Por fim, o professor da Unisa pontua que o acirramento na concorrência por uma vaga de emprego enfraquece a sociedade como um todo, e o indivíduo em particular. “Numa condição desta natureza, a sociedade perde muito. Infelizmente, deixamos de promover o crescimento da sociedade brasileira em detrimento dos interesses de um grupo pequeno e restrito da sociedade. Perde-se a oportunidade de promover o pleno desenvolvimento dos potenciais da sociedade brasileira. A cada dia, as pessoas estarão mais submetidas à manutenção de sua sobrevivência mínima, haja vista o aumento das relações de trabalho informais e, assim, o acirramento das condições de vida”.