segunda-feira, 16 de março de 2015

Um camisa 11 de respeito: Dagoberto tem tarde de Romário e vive amor à primeira vista
do Globoesporte.com 


Após o quinto gol, em lance de bate e rebate dentro da área do Nova Iguaçu, o Vasco diminui o ritmo, mas mostra categoria na troca de passes entre Christiano, Guiñazu e Jhon Cley. Próximo da jogada e já visivelmente cansado, Dagoberto aplaude e, talvez sem perceber, acompanha o ritmo dos vascaínos que batem palmas e cantam bem alto. Era o retrato do clima de euforia que contagiou São Januário neste domingo de vitória por goleada - 5 a 1 sobre o Nova Iguaçu.

A cena relatada acima mostra uma sintonia fina entre um grande jogador carente de carinho e uma grande torcida carente de um grande jogador. Líder e com cinco vitórias consecutivas, o Vasco sentia falta de um domingo de bom futebol e de idolatria imediata como viveu em São Januário ao lado de Dagoberto. A atração começou antes da bola rolar, quando vascaínos se espremeram no vidro atrás do gol para fotografar e incentivar Dagoberto. Depois, no anúncio do sistema de som, ele já era ovacionado em São Januário. O estádio recebeu mais de 13 mil pessoas, o maior público do ano na Colina Histórica. 

 No templo que viu Romário consagrar a camisa 11 – imortalizada depois por Eurico Miranda, homenagem aos 1.000 gols do atual senador da República que depois foi retirada por Roberto Dinamite -, Dagoberto parece iniciar uma história feliz com a mesma camisa e, pelo menos por um dia, com a mesma precisão do Baixinho. O gol veio na única e solitária finalização do jogador em 90 minutos em campo.    

Aos gritos de “Olê, lê, olá, lá, Dagoberto vem aí e o bicho vai pegar” e "ô, balancê, escute o que vou te dizer, Marcelo Cirino, vai se f...., Dagoberto é melhor que você" - para provocar o atacante do rival -, o vascaíno lembrou o melhor do estilo do Baixinho ao amortecer a bola de costas, ajeitar na coxa e, com apenas um quique, colocar no cantinho.

- Fui feliz, é um dos dias mais gostosos da minha vida - disse o experiente jogador, que completa 32 anos no domingo que vem na partida contra o Flamengo e no intervalo já mostrava emoção com a recepção em São Januário. - Chegar num clube dessa grandeza, com toda sua história e ser recebido assim é muito bom.