quarta-feira, 26 de abril de 2023

Segurança volta a ser a pauta mais discutida no legislativo municipal

O anúncio de que a Câmara Municipal de Caxias (CMC) recepcionará a Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA) na sexta-feira 5 de maio, transmitido aos pares, nesta segunda-feira (24), pelo presidente do legislativo, vereador Ricardo Rodrigues, foi sem dúvida o tema mais relevante na reunião parlamentar do início da semana na Casa do Povo.

Contudo, com a presença de 16 dos 19 vereadores, o encontro permitiu também argumentações no plenário da CMC sobre a deficiência do sistema de segurança da cidade, em que pese o esforço das autoridades locais para lidar com o problema, manifestação de ponto de vista sobre o momento vivenciado pelo agronegócio e a agricultura familiar no município, e torcida para a gestão municipal levar logo a sua frota de máquinas para iniciar a recuperação as estradas da zona rural prejudicadas pelas fortes chuvas que têm caído em Caxias.

Refletindo sobre a segurança, o vereador Gentil Oliveira (PV), cujo parente, o advogado Ronaldo de Oliveira Sousa Rego, de 27 anos, foi assassinado no último dia 19, no bairro São Francisco, sem qualquer discussão, por um matador de aluguel que se fez passar por entregador de fast food no próprio local de trabalho do pai, foi o primeiro a se manifestar sobre a insegurança que parece dominar Caxias hoje. Segundo ele, Caxias está vivendo momentos de terror e os cidadãos se mostram apavorados com a situação.

Para o vereador, o governo do estado precisa urgentemente aumentar o contingente de policiais no município, e fazer como fez em Timon, que hoje tem o dobro do efetivo policial de Caxias, mesmo com um número muito menor de povoados. Lembrando do que aconteceu com o seu parente, ele expressou que há necessidade da presença de um médico legista em Caxias, pois não é possível que uma família, em pleno sofrimento, tenha que esperar duas horas pela chegada de um profissional de Timon para atender uma ocorrência, a exemplo do que aconteceu com o falecido advogado Ronaldo Rego.

Gentil frisou que a situação é tão grave que um advogado não está mais podendo exercer a sua profissão em Caxias, ameaçados por criminosos. “A classe está sendo perseguida, mas agradeço o comparecimento da comitiva da AOB que veio de São Luís para confortar a família, liderada pelo presidente Kaio Saraiva, juntamente com a presidente da Subseção da OAB de Caxias, Amanda Glauca, que acompanharam a perícia e já agendaram contatos com o Delegado Geral de Polícia, a Superintendência de Polícia do Interior, e marcaram audiência com o Secretário de Estado da Segurança Maurício Martins para esta terça-feira (25).

O vereador Darlan Almeida (PL), que durante a sessão enalteceu o trabalho da secretária Ana Célia Damasceno, da pasta de Educação, ao promover uma homenagem pelos 200 anos do nascimento do poeta Gonçalves Dias no Colégio São José,  sequenciando o colega, não só endossou suas palavras como destacou que a  problemática da segurança em Caxias é uma questão que vem sendo reivindicada desde a legislatura passada, quando o vereador Catulé (Republicanos) dirigiu a casa.

“Lembro que na ocasião conseguimos o desmembramento do 2º Batalhão da Polícia Militar, sediado em Caxias, que à época cobria vários municípios da região, e conseguimos que ficasse apenas com a jurisdição de Caxias, Aldeias Altas e São João do Sóter, a fim de preservarmos mais policiais para nossa área e melhorar o policiamento. Mesmo assim, nosso índice de violência só vem aumentando. É preciso que o Governo do Estado, a Secretaria de Estado da Segurança, ofereçam um maior esforço para a região de Caxias, uma vez que todo dia é assaltante levando moto, é homicídio de advogado, são os assaltos à luz do dia. Isso tem que parar, e nossa casa tem de lutar para termos mais aparato policial, tanto na cidade como nos povoados da zona rural”, ressaltou.

O vereador Antônio Ramos (Republicanos), ao entrar na discussão e justificar os seus requerimentos do dia, falou também da tragédia do advogado caxiense, um jovem que viu crescer por ser amigo da família. “O estado em que seu pai ficou, você ter um filho e vê-lo naquela situação, é coisa abala qualquer um de nós”, esfatizou, assinalando que espera que todos os meios sejam utulizados e cheguem à pessoa que tirou a vida de Ronaldo.

O vereador Neto do Sindicato também hipotecou condolências ao vereador Gentil Oliveira e à família enlutada do advogado, pedindo a união da casa em prol de uma busca maior por segurança em Caxias, destacando que isso é fundamental para a cidade e a sociedade caxiense, porque não é possível haver desenvolvimento sem segurança.

O parlamentar, porém, depois mudou de assunto, e trouxe a plenário as últimas ocorrências no ambiente político do Maranhão, quando cidades maranhenses foram citadas em rede nacional de televisão como verdadeiros ambientes de corrupção, a partir de tratamentos médicos realizados às sequelas dos acometidos pela Covid-19.

Neto, que faz questão de enfatizar que, mais de que um sindicalista, acima de tudo, é um trabalhador rural, observou a situação que está acontecendo com o meio ambiente do município de Caxias, ora tomado por muitos investimentos do agronegócio.

“Assisto que o agronegócio é muito incentivado, coisa que não acontece com a agricultura familiar. É flagrante a ausência de técnicos agrícolas nas escolas da zona rural, política que não está sendo bem aplicada no município de Caxias. O agronegócio é que tem o desconto dos impostos, enquanto a agricultura familiar mal tem os recursos do PRONAF”, disse, exortando a sensibilidade dos colegas para uma situação que vê como muito grave e está acontecendo no meio rural de Caxias.

O vereador Charles James (Solidariedade) também se manifestou no pequeno expediente, reforçando que o papel do vereador é sempre trabalhar cada vez mais para melhorar a educação e a saúde da população. Ele também lamentou o assassinato do advogado Ronaldo Rego, e revelou o caso de um jovem evangélico baleado recentemente por assaltantes na zona rural do município.

“Temos que ir a São Luís cobrar um contingente maior, armas, equipamentos e veículos, para melhorarmos a segurança na cidade e na zona rural, porque Caxias hoje  está à mercê da bandidagem”, declarou, agradecendo depois o trabalho que a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia vem realizando para melhorar sua estrutura, dentro do qual várias escolas estão sendo concluídas para oferecerem o maior conforto aos alunos e professores.

Confronto entre oposição e situação

Os dois vereadores de oposição, Luís Lacerda (PCdoB) e Daniel Barros (PDT), mostraram mais uma vez no grande expediente esforço para criticarem a administração do prefeito Fábio Gentil (Republicanos). Ambos se posicionar no grande expediente.

Lacerda, revelando que o prefeito prefere viajar mais do que cuidar dos problemas da cidade, deixando à própria sorte bairros como o Residencial Vila Paraíso, onde um ônibus escolar caiu em um grande buraco e por pouco não feriu os alunos que transportava, e o Cangalheiro, que até agora só tem três ruas asfaltadas. E insistiu que nessas viagens à capital do estado ele procurasse apoio para resolver a insegurança que toma conta de Caxias.

Para ele, a MA-034, à altura do bairro Itapecuruzinho, também deve cortar a qualquer momento, por conta da falta de assistência do governo, enquanto os concursados chamados pela prefeitura sonham ainda com o primeiro pagamento anunciado, ao mesmo tempo em que pessoas afastadas, com mais de 23 anos de trabalho, sofrem para voltarem a seus empregos.

O colega Thyago Vilanova (Avante), em aparte, endossou suas palavras e destacou que a gestão não deve apenas trocar seus assessores e os deixarem sem os reursos para fazerem alguma coisa. Para ele, por conta de tal atitude, as reivindicações que são levadas pelos parlamentares não são atendidas.

O vereador do PCdoB lamentou que os vereadores da base insistam em continuar apoiando a gestão municipal, apesar de eles mesmos estarem sofrendo as consequências, ao assistirem seus pedidos sendo protelados, ao mesmo tempo que, levando em conta as eleições de 2024, suas bases eleitorais já são visitadas por membros da assessoria do prefeito interessados no lugar deles. Daniel Barros, que hipotecou solidariedade ao colega Gentil Oliveira pela morte do primo advogado, um crime que, segundo ele, deixa toda a classe na qual se inclui  muito abalada, seguiu o exemplo de Lacerda e classificou a gestão como inoperante na questão da segurança da cidade, ressaltando que, embora todos saibam que a segurança é da esfera do governo estadual, não custava nada preparar a guarda municipal para ajudar na segurança da cidade.

“Nos últimos sete anos, entretanto, só assisti o prefeito maltratando os guardas municipais de Caxias, enquanto em outras cidades eles são prestigiados, melhor remunerados e já foram até preparados para agirem com armamento”, disse. Para o parlamentar, os descasos vão se acumulando: “São as pessoas que estão se ferindo caindo em valas na Vila Paraíso; trabalhadores trabalhando sem receber, que, se cobram, os parentes são perseguidos; as escolas que continuam sem aulas, por falta  de cuidadores e de merendeiras; e os concursados que ainda não receberam o salário de março e, também, o de abril; e o prefeito jogando um contra o outro, enganando todo mundo e, depois, saindo ganhando e se dando bem”, protestou.

O líder do governo na CMC, vereador Charles James (Solidariedade), fez contraponto ao que os dois oposicionistas disseram, mas o fez de forma diferente, sem deixar margem para argumentações mais delicadas ou ofensivas ao modo de atuação provocativa dos parlamentares do PCdoB e do PDT.

Cientificando a bancada do início dos trabalhos de recuperação das estradas rurais do 3º Distrito, inclusive com revitalização de pontes, Charles evidenciou que respeitava a argumentação dos colegas, por entender que esse era o papel que tinham que representar no atual momento, já que eram agentes experientes de outros momentos passados da vida do município, onde chegaram até a ser protagonistas na administração, como foi o caso do vereador Daniel Barros, que respondeu pela Secretaria Adjunta da Saúde na gestão do ex-prefeito Léo Coutinho.

“Entendo que nós, como vereadores, de alguma forma, maneira, temos é a obrigação de trabalhar pelo povo. Eu, prefiro fazer assim, indo conversar com o prefeito, com os secretários, mas não condeno quem ache que está fazendo isso a seu jeito. Assisti os colegas, aqui, falando dos que não foram contratados, e me lembro também que antes eles reclamavam que os concursados não era chamados. Ora, os contratados não foram recontratados porque cerca de 300 concursados foram chamados. Quizera eu que tivesse vaga para todos. A gestão cumpriu o que foi estabelecido como obrigatoriedade no concurso público. Não foi uma questão de vontade, simplesmente”, explicou.(Ascom/CMC)